Foram 13 anos de espera e desilusões, desde a vitória de Ayrton Senna, no já longínquo 1993. Mas toda a decepção acumulada nos últimos anos foi dissipada pela torcida brasileira neste domingo, 22 de outubro de 2006, quando Felipe Massa cruzou a linha de chegada para conquistar pela primeira vez o GP do Brasil.
Na prova que confirmou o bicampeonato de Fernando Alonso e colocou ponto final à carreira de Michael Schumacher, o paulista da Ferrari não teve adversários. Largando na pole, manteve a liderança na largada só perdeu a ponta para Fernando Alonso na 24ª passagem, em sua primeira parada nos boxes.
O espanhol, que só precisava de um ponto para chegar ao título, teve a corrida de seus sonhos: manteve-se em quarto na largada, herdou a posição de Jarno Trulli, superou Kimi Raikkonen nos pits e segurou — tranqüilo e sem correr riscos — a segunda posição.
Em sua despedida, Michael Schumacher não teve a sorte que o acompanhou durante toda a carreira. Mas deu um show de presente aos torcedores que lotaram o Autódromo José Carlos Pace.
Depois de largar em décimo, o alemão já era o sexto quando, ao tentar ultrapassar Giancarlo Fisichella, na nona volta, ambos se tocaram. A colisão não teve maiores conseqüências para o italiano, mas foi o suficiente para avariar o pneu dianteiro esquerdo da Ferrari.
Com problemas, Michael arrastou-se até os boxes, tendo de antecipar sua primeira parada. Perdeu praticamente uma volta e retornou na 17ª posição. Foi então que o espetáculo de ultrapassagens teve início: primeiro vieram Monteiro, Yamamoto, Sato, Doornbos, Albers, Liuzzi, Speed… depois, as BMW de Heidfeld e Kubica — este duas vezes, devido a um erro após a primeira manobra.
Quando parou pela segunda vez para reabastecer — o último pit stop da carreira —, na 48ª volta, o heptacampeão era o sexto colocado. Três passagens depois, Rubens Barrichello também foi superado pelo germânico, que logo voltou a se aproximar de Fisichella.
Na segunda batalha com o italiano, Michael chegou a perder contato, mas — após um erro do italiano na freada para o “S” do Senna — conquistou a quinta posição.
O alvo seguinte era Kimi Raikkonen, seu substituto na Ferrari. E, novamente na freada do “S”, Schumacher conseguiu a ultrapassagem. Manobra perfeita, ousada. Plasticamente bela. A última do maior recordista da Fórmula 1.
Após a bandeirada, com o público em êxtase, Massa empunhou a bandeira brasileira. Foi o quinto representante do país a vencer em casa , depois de Emerson Fittipaldi, José Carlos Pace, Nelson Piquet e Ayrton Senna.
No pódio, Felipe teve a seu lado o agora bicampeão Alonso e Jenson Button, outro destaque da prova, que saiu do 14º posto no grid para o terceiro lugar. Rubens Barrichello cruzou em sétimo, entre Giancarlo Fisichella e Pedro de la Rosa.
Final:
1) Felipe Massa (BRA/Ferrari/B), 71 voltas em 1h31min53s751
2) Fernando Alonso (ESP/Renault/M), a 18s658
3) Jenson Button (ING/Honda/M), a 19s394
4) Michael Schumacher (ALE/Ferrari/B), a 24s094
5) Kimi Raikkonen (FIN/McLaren-Mercedes/M), a 28s503
6) Giancarlo Fisichella (ITA/Renault/M), a 30s287
7) Rubens Barrichello (BRA/Honda/M), a 40s294
8) Pedro de la Rosa (ESP/McLaren-Mercedes/M), a 52s068
9) Robert Kubica (POL/BMW Sauber/M), a 1min07s642
10) Takuma Sato (JAP/Super Aguri-Honda/B), a 1 volta
11) Scott Speed (EUA/Toro Rosso-Cosworth/M), a 1 volta
12) Robert Doornbos (HOL/Red Bull-Ferrari/M), a 1 volta
13) Vitantonio Liuzzi (ITA/Toro Rosso-Cosworth/M), a 1 volta
14) Christijan Albers (HOL/MF1-Toyota/B), a 1 volta
15) Tiago Monteiro (POR/MF1-Toyota/B), a 1 volta
16) Sakon Yamamoto (JAP/Super Aguri-Honda/B), a 2 voltas
17) Nick Heidfeld (ALE/BMW Sauber/M), a 6 voltas
NÃO COMPLETARAM/Nº DE VOLTAS/MOTIVO
David Coulthard (ESC/Red Bull-Ferrari/M), 15/câmbio
Jarno Trulli (ITA/Toyota/B), 11/suspensão
Ralf Schumacher (ALE/Toyota/B), 10/suspensão
Mark Webber (AUS/Williams-Cosworth/B), 1/colisão
Nico Rosberg (ALE/Williams-Cosworth/B), 1/colisão
Legenda:
B — Bridgestone | M — Michelin
Tempo: sol
ar: 23-25ºC | pista: 30-46ºC