Com a mesma veemência com que já negou sua participação nos empréstimos obtidos para o PT junto aos bancos Rural e BMG, o empresário Marcos Valério de Souza negou ontem, em nota distribuída por sua assessoria, ter gastado R$ 10 milhões na reforma de sua casa no bairro Castelo, em Belo Horizonte. Negou-se, porém, a dar qualquer informação relativa aos custos das modificações feitas na residência para onde se transferiu recentemente.
“Marcos Valério não vai dar informação sobre o valor da reforma porque isso é um assunto privado e não interessa a ninguém. Ele não tem interesse em atender essa demanda. É aquilo que vocês publicaram: ele venderia a casa por um terço desse valor, mas a casa não está à venda”, informou sua assessoria.
Reportagem publicada ontem pelo Estado mostra que o empresário, acusado de ter sido o caixa do mensalão, mudou-se para uma verdadeira fortaleza em Belo Horizonte. A casa que ele ocupa agora tem muros de até cinco metros, com guaritas de seguranças vedadas com vidro fumê. Apenas o sistema de ar-condicionado, segundo um amigo de Marcos Valério, teria custado R$ 3 milhões.
Na nota em que contesta o valor da reforma, o empresário diz que sua casa “foi adquirida em 1993, inclusive com os muros altos mantidos até hoje”. Além de fugir das informações objetivas, Marcos Valério “garante que a casa não vale os absurdos R$ 10 milhões” citados pela reportagem. E acrescenta que o autor da reportagem nem sequer “se preocupou em ouvir um corretor habilitado em avaliação imobiliária, dando mais uma demonstração da falta de profissionalismo e pressa”.
CONFUSÃO
Nesse trecho, Marcos Valério mistura o valor da reforma do imóvel com o da casa. A reportagem não afirma que a casa valha R$ 10 milhões, mas que este, segundo um amigo do próprio empresário, foi o custo total das obras efetuadas no local.
Protagonista do maior escândalo da história recente do país, denunciado com outras 39 pessoas pelo Ministério Público, o empresário Marcos Valério ainda se arrisca a dar lições de ética e moral em sua nota. Diz que a reportagem publicada ontem “lembra o sensacionalismo mais desqualificado”, ressaltando que “as informações e fontes são oriundas, possivelmente, de uma bola de cristal”.
As informações que embasam a reportagem do Estado foram obtidas de fontes, uma delas do círculo de amizades do próprio empresário, que se impressionaram com os números surpreendentes gastos na reforma da mansão.