quinta-feira, 21/11/2024
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Mantega quer criar G-4 após ser barrado por países ricos

A idéia, segundo ele, nasceu em São Petersburgo, em junho, quando ele e outros ministros de economias emergentes participaram do café da manhã, mas não da reunião principal do Grupo dos 8 (G-8), formado pelas sete maiores economias capitalistas e pela Rússia.

O assunto foi lembrado, ontem, quando ele comentava, num encontro com jornalistas, a batalha da reforma política do Fundo Monetário Internacional (FMI). O resultado, até aquele momento, havia sido ruim para o Brasil e seus aliados.

A votação da proposta apresentada pelo diretor-gerente do FMI, Rodrigo de Rato, será concluída hoje. Não havia, até ontem, dúvida quanto à aprovação. O Brasil votou contra e isso foi declarado pelo ministro Guido Mantega na reunião do Comitê Monetário e Financeiro, formado por 24 ministros que representam politicamente os 184 países membros. Pelo menos três aliados votaram com o Brasil. Mas a votação é eletrônica e dela participam todos os países sócios.

O comunicado emitido logo depois da reunião do Comitê mencionou apenas o apoio unânime à iniciativa e aos objetivos declarados da redistribuição de cotas e de poder de voto, sem citar as divergências quanto aos detalhes. Ao apresentar o documento, numa entrevista coletiva, Rodrigo de Rato e o presidente do Comitê, o ministro do Tesouro da Inglaterra, Gordon Brown, mostravam-se otimistas quanto ao resultado da votação.

Critérios

Durante a reunião, Mantega e seus aliados haviam insistido em suas pretensões: novo critério para cotas, votos baseados mais no tamanho do que na abertura das economias e Produto Interno Bruto (PIB) expresso pela paridade do poder de compra, que elimina as oscilações do câmbio. Por esse critério, o PIB do Brasil é mais que o dobro do estimado pelo processo tradicional.

O Brasil e outros países que votaram contra, disse Mantega na reunião, estão preparados para “decidida e publicamente” remover suas objeções, se a definição da fórmula das cotas avançar na direção de suas pretensões. Isso foi mencionado por De Rato na entrevista.

Mais tarde, no encontro com jornalistas, Mantega referiu-se a um encontro privado com De Rato e disse que o diretor-gerente estava muito contrariado com a posição brasileira.

Tal como proposta, a reforma pode produzir, segundo os brasileiros, duas conseqüências inaceitáveis: 1) dar mais força aos sócios como Estados Unidos, Alemanha e Japão; 2) tirar votos de emergentes, como o Brasil, para aumentar a participação de outros, como China, Coréia, México e Turquia. Mas o Brasil apóia o aumento de cotas desses países na primeira fase da reforma, desde que isso não enfraqueça os demais sócios em desenvolvimento.

A reforma vem sendo discutida há anos e o resultado, até agora, foi que a montanha pariu um rato, disse Mantega, que em seguida tentou dar a impressão de não haver premeditado o trocadilho com o nome do diretor-gerente. Como já havia tomado esse caminho, fez mais uma piada, por ele atribuída a outra pessoa: o IMF, disse Mantega, pode virar um “I”m finished” (Eu estou acabado).

Insuficiente

Alguns emergentes, como o Brasil, o México e a África do Sul, têm sido convidados para os encontros do grupo, mas só participam de alguns eventos abertos. De toda forma, essa participação tem servido para que os ministros desses países dêem seu recado.

No começo deste ano a Rússia assumiu a presidência rotativa do G-8 e anunciou que não convidaria mais os emergentes. Acabou convidando para a reunião de São Petersburgo, por pressão de americanos e britânicos. A Alemanha assumirá a presidência no fim do ano e já informou que não convidará países de fora do grupo.

Os convites para o café da manhã são insuficientes, segundo Mantega, e a saída é organizar um clube próprio. China, Índia, Brasil e África do Sul são grandes economias, disse o ministro, e têm uma grande agenda de assuntos de interesse comum.

Faltou esclarecer, no final, se o governo brasileiro planeja propor a criação de um fundo monetário paralelo, como complemento do G-4.

AgenciaEstado

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
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