Com 141 municípios no Estado de Mato Grosso, a Polícia Federal indiciou 71 prefeitos, o que representa 50,3% dos municípios mato-grossenses apontados por envolvimento na Máfia dos Sanguessugas, que era um esquema de compra irregular de ambulâncias.
A Operação Sanguessuga foi desencadeada pela Polícia Federal no dia 4 de maio de 2006, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada na prática de crimes contra a ordem tributária e fraudes em licitação na área da saúde que agia desde 2001. As ambulâncias seriam superfaturadas com preços superiores ao valor de mercado de até 120%.
Segundo as investigações da PF, o esquema negociou o fornecimento de mil ambulâncias em todo o País. Na ocasião, foi estimado que R$ 110 milhões foram movimentados irregularmente.
Os convênios foram firmados com cerca de 600 municípios no Brasil, visando a compra de ambulâncias. Foram detectados um total de 1.452 convênios e o prejuízo é estimado em R$ 25 milhões.
Após três anos, a Polícia Federal concluiu neste mês 94% dos inquéritos instaurados em Mato Grosso, a partir da Operação Sanguessuga. Foram instaurados um total de 136 inquéritos policiais e 458 indiciamentos, sendo 33 ex-parlamentares de todo Brasil, 71 prefeitos mato-grossenses e 354 membros de comissão de licitação, assessores de parlamentares ou terceiros que auxiliaram na lavagem de dinheiro. Ainda faltam ser concluídos oito inquéritos policiais.
As investigações da PF foram conduzidas em duas fases. A primeira foi a prisão do núcleo empresarial e dos agentes públicos vinculados ao Ministério da Saúde e a segunda, investigação da ação do núcleo político, composto por senadores, deputados, prefeitos, assessores, entre outros.
No trabalho policial, foram produzidos pelo menos 170 laudos periciais que comprovam a materialidade dos crimes entre laudos contábeis e de equipamentos de informática. Os crimes praticados foram: corrupção passiva, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, fraude à licitação e tráfico de influência.
“O esquema negociou mais de mil unidades de ambulâncias em todo o País. Os proprietários da Planam, Darci e Luis Vedoin, colaboraram com as investigações indicando quais eram os políticos envolvidos e quanto eles pagavam para cada um deles”, explicou o delegado Repetto.
Ao questioná-lo sobre o retorno desse dinheiro aos cofres públicos, Repetto falou que, no caso dos ex-parlamentares, eles podem responder uma ação civil pública por improbidade administrativa, e destacou que várias ações estão sendo tomadas por parte do Ministério Público Federal visando até a perda dos direitos políticos.
Os inquéritos relatados foram encaminhados ao Ministério Público Federal para promoção da ação penal ou medidas cabíveis. Segundo assessoria de imprensa do Ministério Público Federal, parte dos inquéritos encaminhados foi examinada, sendo que 285 pessoas foram denunciadas até o momento.
A Justiça Federal de Mato Grosso informou que, das denúncias formalizadas, foram julgados processos que geraram 17 sentenças, e 211 ações estão em tramitação na Segunda Vara Federal.
Terra/Juliana Michaela