Mais de 200 metros de extensão ‘humana’ sobre a Ponte Júlio Müller, representaram, domingo (03), o não à poluição e sim a preservação dos recursos hídricos de Mato Grosso. Idealizado pelo deputado Sérgio Ricardo (PR), numa realização da Assembléia Legislativa de Mato Grosso, o 3º Abraço ao Rio Cuiabá sensibilizou mais de 10 mil pessoas pela preservação, conscientização ecológica e perspectiva de um futuro melhor para as novas gerações.
Para garantir a segurança dos milhares de estudantes da rede pública estadual e municipal, bem como, da sociedade civil organizada, o ‘Grito de Alerta’ contou com a colaboração de 23 Clubes de Desbravadores, Grupos de Escoteiros, Corpo de Bombeiros e Polícia Militar, Cruz Vermelha, Exército Brasileiro, Defesa Civil e guarnições da Marinha do Brasil. Ao todo, um efetivo de 500 profissionais permitiu novamente o sucesso do evento que há três anos consecutivos mobiliza milhares de pessoas pela sobrevivência do Rio Cuiabá.
“Não somente hoje, mas durante todo ano, o deputado Sérgio Ricardo tem sido um lutador incansável e fiel ao Meio Ambiente de Mato Grosso. Criou o eco barreiras, faz a limpeza do Pantanal, e realiza o terceiro abraço simbólico ao rio, enfim, ações práticas que em sua carreira política ele realiza visando o desenvolvimento sustentável e ecologicamente correto em nosso Estado”, ressaltou o secretário de Estado e Meio Ambiente, Luiz Henrique Daldegan.
O representante da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Cuiabá, ecólogo Abel Nascimento, destaca o comprometimento da sociedade com a causa ambiental, levando em consideração o expressivo aumento no decorrer dos últimos 20 anos. “Para nós que começamos no início da década de 80 e éramos apenas meia dúzia de pessoas, vivenciar isso aqui hoje, nos dá a certeza de que a sociedade está mais consciente e sensibilizada com as causas ambientais, e mais, que têm a percepção de que essa causa é pela vida. O deputado Sérgio Ricardo está de parabéns pelo trabalho que tem feito e sem dúvida alguma, o Meio Ambiente agradece”, declarou Abel Nascimento.
O presidente da Assembléia Legislativa de Mato Grosso, deputado Sérgio Ricardo, destacou que 6% da água doce do mundo está em Mato Grosso e ainda, que o Rio Cuiabá, bem como, o Pantanal Mato-grossense, são considerados Patrimônio da Humanidade. “Todos os dias milhares de pessoas trafegam pela Ponte Júlio Muller e muitas vezes não se dão conta da importância das águas que passam por baixo de nós. Hoje, estar sobre ela com milhares de pessoas nos dá a certeza de que todos abraçaram não apenas o rio Cuiabá, mas a causa, a idéia de que preservar é necessário e de que fazer, cada um a sua parte, é fundamental para garantirmos um futuro melhor às novas gerações”, defendeu o autor do projeto, ‘Abraço ao Rio Cuiabá – Um Grito de Alerta’.
Após o abraço, formado por um cordão humano de milhares de pessoas sobre a Ponte Júlio Muller, foram entregues mais de mil mudas de plantas e feita uma exposição fotográfica. O evento contou com a apresentação cultural do trio Henrique, Claudinho e Pescuma, da Banda Terra e do cantor Camargo, que fizeram toda a diferença no ‘3º Abraço ao Rio Cuiabá’, transmitido ao vivo pela TV Rondon, canal 5.
Ao todo, 73 ônibus escolares e 83 entidades participaram do terceiro ‘Grito de Alerta’. “Seguindo o histórico de sucesso dos dois últimos anos, em 2007 o evento foi pensado e executado para garantir ao mesmo tempo, conscientização ecológica, educação ambiental e entretenimento. Felizmente a sociedade acreditou nisso, compareceu em massa e abraçou o rio Cuiabá”, acrescentou Sérgio Ricardo.
ESTATÍSTICAS – São 2,4 bilhões de pessoas no mundo que não dispõem de saneamento básico. Estima-se que haja 12 mil km3 de água poluída, mais do que a quantidade total de água contida nas 10 maiores bacias hidrográficas do mundo. Aproximadamente dois bilhões de toneladas de lixo são jogados em rios córregos e lagos, diariamente. Todos os anos de 300 a 500 milhões de toneladas de metais pesados, solventes, sedimentos tóxicos e outros tipos de dejetos são despejados nas águas pelas indústrias. Se nada for feito até a metade deste século, cerca de sete bilhões de pessoas em 60 países estarão enfrentando problemas com a falta de água.
NOSSA PARTE – O Brasil tem 18% da água potável existente no mundo, cerca de 90% desse número está concentrado nas regiões Norte e Centro-Oeste, onde vivem 14,5% da população brasileira. E, 5,24% da água doce disponível no mundo nasce ou escoa em Mato Grosso.
O RIO CUIABÁ – É formado pela união dos rios Cuiabá da Larga (que nasce na Serra do Tombador, no município de Nobres) e Cuiabá do Bonito (que nasce nas Serras Azuis, no município de Rosário Oeste). Limoeiro é a localidade onde os dois rios se encontram e a partir daí passam a se chamar de fato Rio Cuiabá. Correndo na direção Norte-Sul até se lançar ao Rio Paraguai suas águas percorrem 981 quilômetros.
Até 1954 o rio era navegável e as Chalanas atracavam no Porto da Capital. Cerca de 900 mil habitantes em 11 municípios dependem diretamente de suas águas: Acorizal, Barão de Melgaço, Chapada dos Guimarães, Cuiabá, Jangada, Nobres, Poconé, Rosário Oeste, Santo Antônio do Leverger,Várzea Grande e Nossa Senhora do Livramento.
Para Sérgio Ricardo, o desenvolvimento desordenado das cidades que fazem parte da Bacia do Rio Cuiabá tem promovido uma rápida degradação em seus recursos naturais pelo: desmatamento, assoreamento, lixo doméstico e industrial, dragas mal instaladas e despejo de esgoto in natura.
“Todos os dias 20 toneladas de lixo e 300 mil litros de esgoto doméstico e industrial caem diretamente nas águas do rio que é o principal formador do Pantanal Mato-grossense”, lamentou, ao ressaltar que ao todo, são 20 córregos em Cuiabá e seis em Várzea Grande que juntos jogam lixo e esgoto no Rio Cuiabá.
De todo esgoto produzido em Cuiabá e Várzea Grande, apenas 30% são coletados, todo o resto cai in natura no rio. No geral, 45% da população brasileira não têm acesso aos serviços de água tratada e 96 milhões de pessoas vivem sem esgoto sanitário. O Brasil possui um dos índices mais altos do mundo em desperdício de água. Em Cuiabá são 36%, já em Várzea Grande são 45,62% de desperdício, ou seja, água suficiente para abastecer cidades do tamanho de Rondonópolis e Alta Floresta.
CRUEL REALIDADE – No mundo, mais de 2,2 milhões de pessoas morrem a cada ano em decorrência de doenças relacionadas à ingestão de água contaminada e à falta de saneamento básico. Aproximadamente um milhão de pessoas morre de malária a cada ano e mais de 200 milhões de pessoas sofrem de schistossomose. Menos de 1% da população brasileira tem fornecimento de água sem interrupção, sem coliformes fecais e com teor adequado de cloro.
No planeta, todos os dias, seis mil pessoas, em sua maioria crianças com menos de 5 anos de idade, morrem em conseqüência de doenças causada pela má qualidade da água. Quando contaminada, ela é a causa de 80% das doenças e de 65% das internações hospitalares no Brasil, gerando gastos adicionais de U$ 2,5 bilhões de dólares por ano ao Sistema de Saúde. 58% dos municípios brasileiros não dispõem de água tratada, e por isso, uma criança morre a cada 24 minutos por causa de doenças de veiculação hídrica (que podem ser transmitidas pela água suja), entre elas: febre tifóide, malária, cólera, desinteria, diarréia, dengue, hepatite, leptospirose, schistossomose, giárdia e outras.