A polícia da Espanha anunciou que prendeu mais cinco suspeitos de envolvimento na rede de exploração sexual de homens brasileiros que foi desmantelada no país na semana passada. Após uma investigação de seis meses, os policiais desarticularam a organização pela primeira vez no último dia 31. Quatorze pessoas foram presas em diferentes províncias do país.
Um brasileiro de 16 anos estava entre as mais de 70 vítimas do grupo que levava brasileiros a várias cidades da Espanha e os mantinha trabalhando em situações precárias para pagar as dívidas da viagem. Imagens do garoto foram divulgadas em site com anúncios da organização. Segundo a polícia, o jovem permaneceu ligado ao grupo por três semanas.
As prisões anunciadas nesta terça-feira fazem parte da segunda fase da operação realizada nos últimos dias contra a rede. “Cinco pessoas foram presas em gravações feitas em três prostíbulos masculinos localizados no centro da cidade de Madrid”, disse a Polícia nacional. Além dos últimos cinco suspeitos detidos, os agentes prenderam outras cinco pessoas que estavam em situação irregular de imigração.
Esquema – De acordo com a polícia, o grupo forçava os homens a se prostituírem “24 horas por dia”. Para isso, ao sair do Brasil rumo à Espanha, eles recebiam cocaína, popper – droga para estimulação sexual – e viagra. Ao deixarem seu país, as vítimas recebiam da organização criminosa uma bolsa de viagem e a passagem de avião, que era comprada com cartões falsificados. Na maior parte dos casos, os jovens eram levados primeiro a aeroportos de outros países antes de serem levados à Espanha.
Os homens eram enganados quanto às condições de trabalho e, sobretudo, em relação aos valores que teriam devolver aos “cafetões” por conta de despesas de viagem. No início, eles eram informados de que só deveriam custear a passagem, quando na realidade eram exigidas quantias superiores a 4.000 euros.
Depois que chegavam à Espanha os jovens eram levados pelo líder da quadrilha a várias províncias espanholas, “conforme a demanda de cada local”. Eles eram acomodados em apartamentos e obrigados a entregar ao proprietário do imóvel 50% dos lucros com a prostituição, além de 200 euros pelo alojamento e pela manutenção do local. Se os homens mostrassem resistência a alguma das ordens ou causassem algum tipo de problema, os criminosos faziam ameaças, inclusive de morte.
A organização atraía os clientes por meio de anúncios em classificados de jornais e também em páginas da internet, onde eram postadas fotografias dos jovens. Além de delitos contra os direitos dos cidadãos estrangeiros, relativos à prostituição, contra os direitos dos trabalhadores e formação de quadrilha, os principais responsáveis pela rede de prostituição são acusados de fornecer drogas e outras substâncias ilegais às vítimas e também a clientes.
(EFE) VEJA