O governo reforçou apoio à candidatura do presidente da Assembléia Legislativa, Sérgio Ricardo, à prefeitura de Cuiabá, nas eleições do próximo ano. O governador afirmou isso e outros assuntos no programa MT em debate realizado pela TV Assembléia Legislativa canal 39 e TV A CABO CANAL 16 ele falou também do endividamento do Estado com a União, dos trabalhos que estão sendo feito pela CPI da Sema e do Programa de Aceleração do Crescimento do governo federal para três cidades de Mato Grosso.
Outro assunto abordado por Maggi foi sobre os recursos do Bid/Pantanal, entre outros. Veja abaixo trechos da entrevista.
Pergunta – Governador como estão as articulações para as eleições à prefeitura de Cuiabá, no ano que vem?
Blairo Maggi – O PR tem candidato que é o Sérgio Ricardo. Ele está trabalhando sua candidatura.
Pergunta – O senhor teve quatro anos de gestão à frente do governo de Mato Grosso, que o credenciou a outros quatro anos de mandato. Qual a diferença entre os dois mandatos?
Blairo Maggi – São coisas diferentes, embora para a população o segundo mandato é uma seqüência e uma conseqüência do primeiro. Na realidade as coisas não são assim, até porque quando você encerra o primeiro mandato é obrigado a encerrar todas as suas contas e todos os programas da administração anterior e depois a reassume. Com isso, você tem que fazer novos programas e um novo orçamento, além esperar a abertura do próprio orçamento. São mandatos diferentes, com metas diferentes. Contudo seguimos a linha mestra de governo de 2002, agora muita coisa vai mudar para o segundo mandato. Hoje a Assembléia Legislativa tem representantes de todas as regiões de Mato Grosso, o que não tinha no meu primeiro mandato. Com isso surgem novas necessidades que precisam ser resolvidas.
Pergunta – O senhor está mais presente a atual administração, ou está pensando em outros vôos, talvez em nível nacional; a inserção do primeiro mandato é diferente?
Blairo Maggi – No segundo mandato existe sim uma inserção maior do vice-governador, mas pela experiência que o Silval Barbosa possui. Ele já foi prefeito e deputado. Silval tem trânsito livre, transita a todas as áreas do governo e de outros poderes. Silval tem um papel específico, que é de ajudar a articular politicamente o governo, resolvendo missões em todos os setores. A experiência do Silval me deixa mais a vontade, o que não acontecia antes.
Pergunta – Então o senhor se liberta para outras atividades como, por exemplo, fazer política nacional?
Blairo Maggi – Não, não. Tenho grande dificuldade. Sou presidente Nacional do PR – ainda que de honra. Faço parte do Conselho Político da República e tenho dificuldade de fazer esse papel e estar presente em Brasília todas quintas-feiras, porque o dia-a-dia de governo não me permite ausentar do Estado. Mesmo com a ajuda do Silval não consegui me liberar para fazer política. A questão é fazer um governo com mais gente participando. Por exemplo, o Silval está à frente de dois projetos. Um trata de da criação dos consórcios municipais e intermunicipais – comprar 18 patrulhas mecanizadas para cada um deles. Outro projeto é a universalização da telefonia móvel em Mato Grosso. O estado tem 53 municípios que não os têm. Precisamos universalizar isso. Estamos finalizando um pacote para que 100% das cidades possam ter telefonia móvel.
Pergunta – Em relação à candidatura à vice-presidência da República em 2010, formando uma chapa com a ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República Dilma Roussef e Maggi?
Blairo Maggi – Não tem nada. O que vi e ouvi foi pela imprensa mato-grossense. Não temos essa negociação em andamento, não tem essa vontade e essa determinação. O meu objetivo é claro, é terminar o meu mandato em 2010 e fazer a sucessão estadual. Não é possível que depois de oito anos de muito trabalho e implantação de um novo modelo de gestão e de um novo comportamento e simplesmente sair e abandonar tudo. Quero um Estado diferente. Quem for me suceder tem que ser melhor que eu.
Pergunta – Como é que está a articulação para a conclusão da pavimentação da BR-163?
Blairo Maggi – O País deve à população que foi para a Região Norte de Mato Grosso. Eles foram atrás de um sonho, mas também de um programa de Governo Federal, por isso, a União tem uma divida com essa população. A 163 é de extrema importância para o desenvolvimento da região Norte. Hoje a dificuldade de implantá-la é menor que há três anos. Por isso estamos trabalhando para colocar Luiz Antonio Pagot no Dnit. Com ele no órgão, a chance de a pavimentação da BR-163 sair é muito maior.
Pergunta – Como está a situação das finanças do Estado?
Blairo Maggi – No ano passado, o Estado precisou fazer um corte de R$ 500 milhões no orçamento. Cortou no osso para fechar as contas. Em 2007, a previsão do déficit é de R$ 169 milhões, tem que cortar de novo. Para 2008, são mais R$ 23 milhões. Isso acontece porque, até 2005, vínhamos num ritmo de crescimento muito acelerado e no governo a despesa cresce, por isso temos que fazer os cortes. Mato Grosso deve hoje R$ 5,3 bilhões ao Governo Federal, retirando do caixa, todo ano, R$ 600 milhões. O que sobra é muito pouco para investimentos. Vamos tentar renegocia-la de uma forma que a divida não aumente para o Estado. A solução é o alongamento da divida sair de um vencimento médio de 20 anos, para 40 anos. Essa é negociação que estamos fazendo. Dos R$ 650 milhões que pago por ano, o Estado passaria a pagar R$ 325 milhões. A outra parte iria para um fundo de investimento, para trabalhar as questões das escolas, da segurança e estradas.
Pergunta – Como o senhor vê a questão da CPI da Sema e como está a questão ambiental em Mato Grosso?
Blairo Maggi – A CPI é legitima e o Parlamento tem as condições de fazer as averiguações necessárias e no momento que deve ser feito. No meio ambiente de 2003, até hoje, tivemos grandes avanços. Um deles é a questão do desmatamento, que está controlado. Mas a partir do momento que receber o relatório, seja parcial ou final vou fazer as mudanças sugeridas pela CPI. A questão da Sema não é problema do secretário. Lá tem uma demanda muito grande, as pessoas mandam os projetos para Sema de forma errada.
Pergunta – Qual marca de governo o senhor quer deixar para Cuiabá e Mato Grosso?
Blairo Maggi – Além de todas as obras, quero deixar uma nova forma de fazer gestão pública: transparente. Quando o cidadão saiba onde os recursos públicos estão sendo investidos. Essa é a filosofia do meu governo. Chega do tempo de pagar obras que não existiu, chega do tempo de contratar obras que vale um e pagar três. Isso é coisa do passado e espero que nunca mais volte em Mato Grosso.
Pergunta – Os recursos do Programa de Aceleramento do Crescimento (PAC) para Mato Grosso foi feito do dia para a noite?
Blairo Maggi – Não. Desde janeiro o governo vem trabalhando nisso. O Estado e Cuiabá não têm condições de tomar recursos emprestados porque estão com as contas ruins. Já Várzea Grande e Rondonópolis têm capacidade maior de tomar recursos emprestados, onde a União coloca parte do dinheiro do orçamento federal e parte de empréstimos. Aqui em Cuiabá essa equação não fechava. Conseguimos avançar e trazer R$ 53 milhões para a Capital. Além desse valor são mais R$ 124 milhões, sendo que R$ 18 milhões, desse montante, são do governo do Estado porque a prefeitura não tem recursos, coisa que não fiz para Várzea Grande e Rondonópolis.
Pergunta – Em relação aos recursos do Bid/Pantanal, a contra-partida era zero do Estado e dos municípios para investir no saneamento básico?
Blairo Maggi – O Bid/Pantanal não tinha nada para o saneamento básico. O que tinha era recursos de U$ 25 milhões para fazer a hidrometração da cidade de Cuiabá. Nunca devolvi dinheiro do Bid , nunca foi previsto U$ 200 milhões. O que tinha era U$ 63 milhões. A primeira verba aprovada era de U$ 63 milhões, a maioria para consultoria. Tinha mais dinheiro para saber como fazer o cascalhamento das estradas do que para fazer estradas. O que existe é uma grande enrolação sobre esse assunto. Não havia recursos do Bid/Pantanal para fazer saneamento básico em Cuiabá e Várzea Grande. Para Cuiabá tinha U$ 5 milhões para hidrometração e não tinha um centavo para Várzea Grande. Você vê como era a política em Mato Grosso.