domingo, 22/12/2024
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Máfia dos bingos pagava mesada de R$ 1 mi para a polícia, diz documento

A Polícia Federal apreendeu documentos na casa de Luciano Andrade do Nascimento, conhecido como Boca, que indicam que a máfia dos bingos pagava uma mesada de cerca de R$ 1 milhão a policiais federais, civis e militares. Esse documento foi encontrado no dia 13 de abril durante as buscas e apreensões da Operação Hurricane (furacão), da Polícia Federal.

A operação desarticulou uma suposta quadrilha que comprava sentenças judiciais para favorecer casas de bingo e o funcionamento de máquinas de caça-níqueis.

Boca trabalharia para Júlio Guimarães Sobreira, sobrinho do contraventor Aílton Guimarães, o Capitão Guimarães, ambos presos durante a operação. Júlio é apontado como responsável pelo pagamento das propinas da máfia dos jogos.

Entres as despesas supostamente pagas com as receitas de jogos e máquinas estariam gastos fixos de R$ 848.600 para policiais civis, R$ 51.550 destinados à Polícia Militar e R$ 240 mil à Polícia Federal. Tudo junto dava mais de R$ 1 milhão.

Os bicheiros utilizavam códigos e letras para fazer os pagamentos às delegacias, segundo a PF. Não se sabe com que freqüência a mesada seria supostamente paga nem os nomes dos beneficiários.

Padrão de vida elevado

Relatórios do setor de inteligência da PF indicam que o delegado da Polícia Federal em Niterói, Carlos Pereira, teria um “padrão de vida” elevado em relação aos seus ganhos como policial.

De acordo com o relatório, outro fato suspeito é o fato dele morar no mesmo prédio do bicheiro Marcelo Kalil Petrus, filho de Antonio Petrus Kalil, o Turcão. Pereira e Turcão também foram presos na Operação Hurricane. Marcelo Kalil está foragido.

Na semana passada, em depoimento para a juíza Ana Paula Vieira de Carvalho, da 6ª Vara Federal Criminal do Rio, Pereira afirmou que sempre realizou ações contra bingueiros e que seu nome deve ter sido envolvido com o caso por setores descontes da própria PF e favoráveis à quadrilha.

Mesada a políticos

De acordo com as anotações encontradas pela PF na casa de Boca, a máfia dos bingos também pagaria uma mesada de R$ 23 mil a políticos.

Reportagem da Folha deste domingo informa que um documento apreendido na casa de Júlio Guimarães traz iniciais e sobrenomes de políticos do Rio ao lado de quantias supostamente pagas pelo jogo do bicho a autoridades do Estado em 2001 e 2002. A maioria dos políticos da lista concorreu em 2002.

Aparecem na lista nomes das ex-governadoras Rosinha Matheus (PMDB, citada como “Rosinha”) e Benedita da Silva (PT, identificada como “B. Silva”), que concorreram ao governo do Estado em 2002. Ambas negam ter recebido ajuda financeira ilegal para as suas campanhas. A lista com os nomes foi reproduzida no sábado pelo jornal “O Globo”.

FO

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
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