Presidente da França dissolveu o Parlamento após ser derrotado pela extrema direita na votação para o Parlamento Europeu
O presidente da França, Emmanuel Macron, disse nesta terça-feira (11) que não pretende renunciar ao cargo caso seja derrotado nas eleições legislativas que ele antecipou para 30 de junho, primeiro turno, e 7 julho, um possível segundo turno. “As instituições são claras e o lugar do presidente é claro, seja qual for o resultado”, disse Macron em uma entrevista publicada pela Figaro Magazine, quando questionado sobre uma possível renúncia. Apesar da antecipação inesperada das eleições legislativas inicialmente previstas para 2027, Macron pode continuar como presidente até lá, mas corre o risco de compartilhar o poder com um governo de matiz político diferente. Perante as críticas, o líder de 48 anos acredita que foi a “decisão correta para o bem do país” e assumiu o papel de chefe da sua aliança centrista: “Saio para vencer”. Macron chegou ao poder em 2017 vindo do centro, atraindo os insatisfeitos com a tradicional alternância entre socialistas e conservadores, e apresentando-se como alternativa aos “extremos” representados, na sua opinião, por RN e A França Insubmissa (esquerda radical). Ele foi reeleito em 2022. Apesar da deterioração da sua imagem, especialmente durante fortes protestos sociais como o dos coletes amarelos ou contra a reforma da Previdência, o partido no poder busca resgatar seu espírito inicial.
A cinco dias do fim do prazo para a apresentação de candidaturas, o tradicional partido de direita Os Republicanos (LR) mergulhou em uma crise profunda devido à proposta do seu presidente, Éric Ciotti, de chegar a um acordo com o Reagrupamento Nacional (RN), de extrema direita. “Precisamos de uma aliança”, mas “sem deixarmos de ser nós mesmos”, disse Ciotti ao canal TF1, garantindo que ambos os partidos compartilham “valores de direita” e que isso permitiria ao LR “manter deputados”, diante da queda projetada nas pesquisas. O RN, que arrasou nas eleições europeias de domingo, com 31,37% dos votos, já anunciou que seu candidato a primeiro-ministro será precisamente seu cabeça de chapa nas eleições europeias, Jordan Bardella, de 28 anos. E ele assegurou, em entrevista à TV pública France 2, que fará “um acordo entre o Reagrupamento Nacional e Os Republicanos” no qual o partido de extrema direita “apoiará dezenas” de candidatos da direita moderada.
A vitória do RN nas eleições europeias também fez soar o alarme na Europa, especialmente quando historicamente Paris é um ator-chave na União Europeia e no apoio à Ucrânia contra a Rússia. Segundo uma pesquisa da Harris Interactive, o partido de Le Pen melhoraria ligeiramente este resultado nas eleições legislativas, obtendo entre 235 e 265 dos 577 deputados.
*Com informações da AFP-JovemPan