O presidente da Câmara de Cuiabá, vereador reeleito Lutero Ponce (PMDB), doou para a sua campanha eleitoral mais do que seu patrimônio. Pela declaração de bens, exigência da Justiça Eleitoral para o registro de candidatura, o peemedebista declarou ser dono de um patrimônio que soma R$ 90.039,35. Em contrapartida, na prestação de contas, apresentada ao cartório da 39ª Zona Eleitoral, relatou uma doação do próprio bolso de R$ 91 mil para a campanha, que teve um custo geral de R$ 208.751,55.
A declaração de bens de Lutero, conforme o registro de candidatura, foi a mesma apresentada à Receita Federal, no imposto de renda, no exercício de 2007. Foram três itens citados pelo parlamentar reeleito no seu patrimônio: uma embarcação no valor de R$ 2 mil, mais R$ 88 mil em dinheiro e uma aplicação bancária, denominada de VGBL, de R$ 39,35.
Na prestação de contas do vereador reeleito foram apresentados R$ 111.660,00 também de doações advindas de pessoas físicas e jurídicas. Neste montante, só da empresa Bimetal Indústria Comércio, de propriedade do empresário Mauro Mendes (PR), que disputou a prefeitura da Capital, Lutero recebeu a contribuição de R$ 30 mil, um dos maiores valores de empresa para os candidatos à Câmara da base aliada.
Na relação de custos de campanha dos eleitos também é possível verificar que alguns vereadores reeleitos também retiraram contribuições expressivas do próprio bolso para a campanha eleitoral. Estão neste rol Edivá Alves e Lueci Ramos, ambos do PSDB, e Ivan Evangelista (PPS), todos reeleitos.
Edivá, que ocupa o segundo lugar no ranking dos que mais gastaram, com despesas de R$ 156.727,73, doou R$ 71 mil. Na declaração de bens feita no registro de candidatura, Alves declara patrimônio de R$ 460 mil. Lueci Ramos não apenas integra o mapa dos que mais gastaram com suas respectivas campanhas como também é dona de bens que, segundo sua declaração junto à Receita Federal, referente a 2007, somam R$ 352.235,28. Luecy declarou investimento próprio de R$ 60 mil. Ivan Evangelista incrementou sua campanha com recursos próprios da ordem de R$ 65.400. Ele possui bens avaliados em R$ 444.400.
No balanço financeiro disponibilizado pela Justiça Eleitoral também fica constatado outro cenário: o dos eleitos que apesar de possuírem um patrimônio considerável não investiram grandes quantias para garantir assento na Câmara Municipal. É o caso, por exemplo, dos vereadores eleitos Toninho de Souza (PDT) e Everton Pop (PP). Liderando o ranking dos mais votados, a prestação de contas de Pop também chama a atenção por ter sido uma das mais baratas na Capital.
Dono de um patrimônio da ordem de R$ 183.608, Pop investiu apenas R$ 1 mil em sua campanha. Os gastos totais do vereador somaram apenas R$ 24.500. Toninho de Souza, segundo sua declaração de bens junto à Receita Federal, constitui patrimônio de R$ 326 mil, registrou gastos que contabilizaram R$ 83.469,63. Ele desembolsou do patrimônio R$ 10.520.
No ‘desenho’ de gastos também surgem quadros curiosos, como vereadores eleitos que junto à Receita Federal declararam “não possuir bens a declarar”. Nesse cenário se encontram os vereadores Néviton Fagundes Moraes e Ralf Leite, os dois do PRTB, e também Francisco Washington Barbosa (PRB). Ralf gastou o valor de R$ 86.748,21. Já Néviton contabilizou R$ 19.379,00. Washington Barbosa gastou durante a campanha o valor de R$ 10.421,71.
Diário de Cuiabá