Em um esforço para tentar retomar o diálogo com o PSDB, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou o ministro Guido Mantega (Fazenda) e articuladores políticos do governo no Senado a convidar os tucanos para discutir o projeto de reforma tributária que o Executivo pretende enviar ao Congresso em breve.
A idéia é tentar trocar a aprovação da prorrogação da CPMF até 2011 pela redução significativa ou completa de um ou mais tributos num amplo acordo de reforma tributária. Mais: nessa operação, a CPMF poderia virar imposto permanente, com alíquota menor, caso haja mesmo um acordo em torno da reforma tributária.
O governo argumenta que o imposto do cheque, mesmo que venha a ter reduzida gradativamente a alíquota de 0,38% para 0,30%, é um tributo fundamental para o fechamento das contas públicas e o financiamento da Saúde e de programas sociais.
Nesse contexto, uma CPMF permanente interessaria ao PSDB, que tem dois presidenciáveis na praça, os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG). Faz sentido discutir uma reforma tributária que trocasse a confirmação em definitivo da CPMF como tributo em troca da redução ou extinção de outros.
Com razão, senadores e dirigentes do PSDB desconfiam que esse novo aceno de Lula seja abandonado depois de prorrogada a CPMF, já que o governo petista promete se empenhar por uma reforma tributária desde o primeiro mandato.
Se for apenas um factóide para prorrogar a CPMF, o resultado será o fortalecimento da ala do PSDB que bombardeia tentativas de diálogos e acordos entre tucanos e petistas.
Virado para a Lua
No governo FHC, as crises externas contribuíram para minar o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). Lula seria tão sortudo que, no seu caso, elas poderiam ajudar a resolver problemas. No mercado financeiro, tem gente que acha que a incerteza na economia americana está tão grande que talvez o governo nem precise fazer nada para o dólar voltar ao patamar de R$ 2,00.
Pura provocação
Ao ver no noticiário que o temor de Lula buscar um terceiro mandato seguido marcou o congresso do PSDB em Brasília, petistas criaram um slogan, em tom de brincadeira: “Se o segundo é melhor do que o primeiro, imagina o terceiro [mandato]”.