O presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou seu discurso de posse nesta segunda-feira pedindo “pressa, ousadia, coragem e criatividade para abrir novos caminhos” para o País. Lula prometeu crescimento de 5% em 2007 e apresentou uma lista de tarefas que pretende desenvolver durante o segundo mandato, com destaque para a aceleração do crescimento econômico, e destacou, no balanço dos primeiros quatro anos, o combate à fome e às desigualdades sociais.
Ao destacar a necessidade de acelerar, durante o segundo mandato, o crescimento da economia, afirmou que, para atingir esse objetivo, não vai se limitar a baixar um pacto de medidas até o final de janeiro. Disse que o esforço do governo “não se esgota” nessas medidas. “Ao contrário, elas serão apenas o começo”, pois serão “desdobradas e complementadas” ao longo do segundo mandato, incluindo reformas “mais amplas” que o Congresso deverá votar.
O presidente reiterou que o pacote de medidas de estímulo ao crescimento econômico será mesmo anunciado neste “primeiro mês de governo”, englobadas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “Vamos: realinhar prioridades; otimizar recursos; aumentar fontes de financiamento; expandir projetos de infra-estrutura; aperfeiçoar o marco jurídico; e ampliar o diálogo sistemático com as instituições de controle e fiscalização para garantir a transparência dos projetos e agilizar sua execução”, anunciou.
Ele também se comprometeu em defender o interesse dos mais pobres e avaliou que a vitória nas urnas foi um reflexo do compromisso de seu governo com o “povo” no primeiro mandato. Lula voltou a lembrar de sua origem humilde no sertão nordestino: “Um dos compromissos mais profundos que tenho comigo mesmo é o de jamais esquecer de onde vim. Ele me permite saber para onde seguir. Hoje, posso olhar nos olhos de cada um dos brasileiros e brasileiras e dizer que mantive, mantenho e manterei meu compromisso de cuidar, primeiro, dos que mais precisam. Governar para todos é meu caminho, mas defender os interesses dos mais pobres é o que nos guia nesta caminhada.”
O presidente afirmou que, para diminuir a desigualdade entre as pessoas, “a alavanca básica é a educação; para diminuir a desigualdade entre as regiões, o principal instrumento são os grandes programas de desenvolvimento, especialmente os de infra-estrutura.”
Ética
O presidente abordou rapidamente a crise ética que abalou o País no último ano e meio, com as investigações de escândalos de corrupção como os do mensalão, dos sanguessugas e do dossiê Vedoin. “O Brasil ainda precisa avançar em padrões éticos e em práticas políticas”, afirmou, para, em seguida, anunciar a convicção de que, hoje, o País está melhor: “Muito melhor na eficiência dos seus mecanismos de controle e na fiscalização sobre seus governantes.”
Segundo Lula, a corrupção nunca foi tão combatida como no seu governo: “Nunca se combateu tanto a corrupção e o crime organizado. Muita coisa melhorou na garantia dos direitos humanos, na defesa do meio-ambiente, na ampliação da cidadania e na valorização das minorias”, disse.
Ele também ressaltou as conquistas de seu governo no primeiro mandato na área econômica e afirmou que ainda há muito a ser feito. “Passamos quatro anos sem graves crises econômicas”, disse. Ele ressaltou que seu governo tem hoje “um dos maiores salários mínimos da década”.
No discurso, o presidente lembrou sua eleição há quatro anos, quando assumiu a Presidência, e disse que viveu a experiência mais importante de sua vida: “Pela primeira vez, um homem nascido na pobreza chegava pela disputa democrática ao mais alto posto da República. Não era apenas a realização do meu plano individual.”
O presidente afirmou ainda que é o mesmo que há quatro anos, mas a diferença é a “experiência acumulada na difícil arte de governar”.