Embora negue rever o tratado de Itaipu, que criou a hidrelétrica binacional em 1973, estabelecendo que o excedente de energia fosse vendido ao parceiro, Lula tem se mostrado disposto a dialogar com o presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo, que teve como um dos motes de campanha a revisão do tratado.
“Nosso interesse de longo prazo é melhor defendido com a postura de cooperação e compreensão, assim obtemos mais resultados do que pela confrontação”, disse Lula em seu discurso no dia do diplomata.
Enquanto Lula buscou um tom conciliatório, o vice de Lugo, Federico Franco, em visita a Brasília nessa terça-feira, usou um discurso mais forte para defender a renegociação do preço da energia de Itaipu, que considera uma questão vital para o Paraguai.
“Esse é o princípio das conversas. Quando o Brasil vir que a autoridade paraguaia não se vende, vai mudar seu temperamento. Não vamos nos submeter, não vamos trair a vontade do povo”, disse Franco à Agência Brasil após encontro com o vice-presidente José Alencar, no Palácio do Planalto.
Maior usina hidrelétrica do mundo, com potência instalada de 14.000 MW, Itaipu é responsável por quase 20 por cento da energia consumida no Brasil. O Paraguai consome apenas 5 por cento da energia, vendendo os 45 por cento restantes que lhe cabem ao Brasil.
Por esse excedente, o Brasil paga 1,5 bilhão de dólares ao ano, mas o Paraguai fica com 400 milhões de dólares, já que 1,1 bilhão de dólares se destinam ao pagamento de dívidas do financiamento da obra da usina.
U.Seg