A questão da segurança pública em São Paulo foi discutida na reunião da coordenação política do governo federal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva orientou o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, a oferecer mais uma vez a ajuda da Força Nacional de Segurança e do Exército para o governo paulista. O governo federal ainda doou equipamentos de inteligência para São Paulo.
Além de Lula e Bastos, participaram da reunião de coordenação o vice-presidente José Alencar e os ministros Tarso Genro (Relações Institucionais) e Luiz Dulci (Secretaria-Geral).
Na sexta-feira, Bastos se reuniu com o governador Cláudio Lembo (PFL) e negociou a cooperação entre as polícias federal e estadual, além da doação de equipamento de inteligência. Em maio, no início da crise de violência, Lembo negou a oferta de forças federais.
A crise do sistema penitenciário do Estado de São Paulo registra a morte de treze agentes penitenciários desde maio por supostos grupos criminosos liderados de dentro dos presídios. O Primeiro Comando da Capital (PCC) é apontado como o principal articulador das agressões e das mortes. Só na semana passada, foram cinco agentes mortos. Policiais militares e civis também vêm sofrendo atentados.
Hoje deverá acontecer uma reunião entre as secretarias de Administração Penitenciária e de Segurança do Estado de São Paulo. Após esse encontro, poderão ser anunciadas medidas de segurança para o Estado.
Araraquara
Hoje o governador de São Paulo, Cláudio Lembo, deverá receber o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que foi na semana passado no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Araraquara para checar as condições da prisão. Desde o dia 16 de junho, quando um motim destruiu a penitenciária, 1.443 detentos foram confinados em uma área de 600 metros quadrados. O parlamentar deverá pedir melhorias para o local.
Suplicy conversou com os presos do alto da torre de controle, sem contato físico com os detentos, porque a porta da detenção está lacrada a solda. De acordo com o parlamentar, os detentos têm de dormir encostados uns nos outros, porque não há espaço para todos. O setor tem 16 celas, cada uma com oito camas. No chão de cada cela, podem dormir mais dez presos. A capacidade máxima total das celas, portanto, é de 288 homens. Com isso, 1.155 pessoas são obrigadas a dormir ao relento, no pátio. As portas das celas foram arrancadas e queimadas na rebelião e hoje são vistas encostadas no pátio. O telhado não existe mais. O lixo está espalhado pela unidade.
Porte de arma
O Diário Oficial da União de hoje trouxe uma portaria que regulamenta o porte de armas fora do trabalho para agentes penitenciários e escolta de presos. A partir de agora, caberá aos governos de cada Estado decidirem se irão autorizar o uso das armas pelos agentes e também quem pagará a compra dessas armas, se o governo ou o usuário.