O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está mais preocupado nos bastidores do que aparenta em público com a recessão nos EUA e os possíveis prejuízos ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), segundo reportagem da Folha desta quarta-feira (íntegra do texto exclusiva para assinantes do jornal e do UOL).
O receio do presidente é que investidores privados sejam mais conservadores em seus projetos porque ainda não estão claras a duração e a dimensão da atual crise na maior economia do mundo. Mais: investimentos de estatais, como os da Petrobras, também poderiam ser afetados na hipótese de desaceleração mundial.
Dos cerca de R$ 500 bilhões de investimentos do PAC no período 2007-2010, R$ 68 bilhões estão previstos para sair diretamente dos cofres da União. O restante caberia a estatais e a empresas privadas.
Lula e seus principais auxiliares consideram que enfrentam agora o segundo grande teste do governo petista na economia. O primeiro aconteceu em 2003, quando Lula recorreu a um rigor fiscal e monetário maior do que o esperado para conquistar credibilidade do mercado e viabilizar seu governo.
Na prática, é a primeira vez que Lula e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, serão gestores exclusivos de uma crise econômica em cinco anos de poder. Lula espera que a imagem internacional de homem responsável na economia funcione como um escudo neste momento.
Balanço
Plano de investimentos em obras de infra-estrutura e energia que o petista julga vital para o êxito do segundo mandato, o PAC vai funcionar como uma “vacina” para proteger o país da crise externa, disse ontem a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), na cerimônia do balanço de um ano do programa.
A ministra explicou que o programa estimula a demanda interna, o que deixa a economia mais forte contra turbulências na economia mundial. Ao todo, há 2.126 obras de infra-estrutura em andamento.
No balanço divulgado ontem, o percentual de obras consideradas em estágio adequado passou de 80%, em setembro, para 86% em dezembro, e o de consideradas em estágio preocupante ou que merecem atenção caiu para 14% em dezembro, ante 20% registrado três meses antes.