Ao comentar a participação do Brasil na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta segunda-feira, que espera avanços, pelo menos, no que chamou de “princípios básicos” sobre a questão climática. “Para que a gente consiga diminuir os gases de efeito estufa”, disse.
No programa semanal de rádio “Café com o Presidente”, Lula destacou a meta brasileira de reduzir as emissões em 36,1% a 38,9% até 2020 e lembrou que parte dessa redução vai resultar da queda do desmatamento na Amazônia.
O presidente também citou como estratégias para conter a emissão de gases a preservação do Cerrado brasileiro, o uso do carvão vegetal em vez do mineral e os investimentos em hidrelétricas e não mais em termelétricas movidas a óleo diesel. “Isso será uma contribuição extraordinária que o Brasil estará dando para o mundo”, disse.
O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) se reúne nesta segunda-feira para debater a participação do Brasil na conferência – marcada para dezembro em Copenhague (Dinamarca).
Adiamento
Líderes políticos da região asiática, dos Estados Unidos e da Europa descartaram no domingo a possibilidade de assinar um novo tratado climático internacional em Copenhague. No linguajar diplomático, fala-se agora em um acordo “politicamente vinculante”, em vez de “legalmente vinculante”, o que ficaria para uma próxima conferência, em 2010.
Na prática, isso significa que as metas obrigatórias de redução de emissões de gases do efeito estufa para a segunda fase do Protocolo de Kyoto seriam definidas só no ano que vem.
“Dado o fator de tempo e a situação de alguns países específicos, deveríamos, nas próximas semanas, focar esforços no que é possível fazer, sem nos deixar distrair por aquilo que não é possível”, disse o primeiro-ministro da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen.
Anfitrião do encontro do próximo mês, Rasmussen fez no domingo uma viagem não programada a Cingapura para conversar com os governantes das 21 nações que compõem a Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) – grupo que inclui os Estados Unidos e a China, os dois maiores emissores de gases do efeito estufa.
O possível, segundo Rasmussen, seria um acordo político em Copenhague que estabelecesse diretrizes básicas e um novo prazo para negociação de metas específicas de redução de emissões. O impossível seria fechar essas metas já no mês que vem, antes que o projeto de lei sobre mudança climática dos EUA possa ser votado no Congresso norte-americano.
Conferência
Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – marcada para dezembro em Copenhague –, os 192 países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) devem chegar a um consenso sobre o novo acordo global para complementar o Protocolo de Quioto pós-2012.
A negociação – que está travada – visa a ampliar metas obrigatórias para os países ricos, incluir os Estados Unidos no regime de controle de emissões de gases de efeito estufa e definir compromissos mais efetivos para grandes emissores em desenvolvimento, como o Brasil, a China e a Índia.
U.Seg