O presidente Lula declarou esta segunda-feira que está fazendo apelos a cardeais do PT para que encerrem as discussões sobre a possibilidade de um terceiro mandato – cogitados por aliados na Câmara dos Deputados. Lula considerou como “insensatez” e “falta de sensibilidade política” debater uma nova reeleição e ressaltou que seu segundo mandato mal começou e que o Brasil precisa de tranqüilidade para o governo cumprir suas promessas de campanha.
As declarações do presidente da República foram dadas quando comentava as recentes mudanças feitas na legislação da Venezuela para permitir sucessivas reeleições do presidente Hugo Chávez, após uma cerimônia sobre metas sociais do País realizada no Palácio do Planalto. Ele evitou fazer comentários sobre os atos do venezuelano mas ensaiou uma tímida defesa do colega ao comentar as repercussões internacionais negativas de suas “reformas” constitucionais.
“Penso que cada um deve tomar conta do que é seu, cada um deve dar palpite nas coisas que são suas. É engraçado porque eu já vi a Margareth Tatcher (ex-primeira-ministra da Inglaterra) ser tantas vezes eleita primeira-ministra, já vi (o alemão) Helmut Kohl ficar tanto tempo (no poder) e nunca vi ninguém perguntando se vários mandatos sucessivos eram ruins”, destacou o presidente. Ele não respondeu, no entanto, se não enxergava diferença entre esses casos, já que as reeleições de Hugo Chávez serão viabilizadas por muitas manobras no Congresso e modificações nas leis.
Em seguida, Lula emendou que podia “falar pelo Brasil”, e atacou a proposta levantada pelo deputado federal petista Devanir Ribeiro de instituir uma consulta à população para possibilitar nova reeleição do atual presidente. “Acho que é uma insensatez qualquer pessoa ficar discutindo a possibilidade do terceiro mandato. Acho que o PT tem que tomar uma decisão com relação à proposta que está sendo levantada no Congresso Nacional”, afirmou Lula.
Ele disse que está recorrendo aos líderes petistas para abafar o assunto. “Ainda hoje pretendo conversar com o presidente (do PT) Ricardo Berzoini e já conversei com o presidente (da Câmara) Arlindo Chinaglia, poque não tem sentido. Só interessa discutir as eleições agora à oposição”, observou.
O presidente procurou demonstrar maior precupação com o cumprimento de promessas de campanha: “O governo está com menos de um ano de seu segundo mandato, já aprovamos todas as coisas que deveriam ser aprovadas (no Congresso), o Brasil está funcionando bem, a economia está funcionando bem, ou seja, por que deveríamos arranjar sarna para nos coçar discutindo eleição? Nós temos é que terminar nosso mandato com muita tranqüilidade e não permitir que coisas atravessadas venham a atrapalhar o bom momento que o Brasil está vivendo”. Depois, disse que “o Brasil está precisando discutir o bom momento que ele vive e fazer com que a gente cumpra tudo aquilo com que já nos comprometemos com o povo”.
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