Ao participar das comemorações dos 50 anos da Scania no Brasil, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na manhã desta segunda-feira, que o País demonstrou que não é submisso aos interesses das nações ricas nas negociações de abertura do comércio global.
“Fizemos questão de dizer que tinha acabado aquele momento de subserviência. Queremos ser tratados em pé de igualdade”, disse Lula em uma solenidade ao ar livre na fábrica de caminhões, que contou ainda com a presença de trabalhadores e dirigentes da montadora.
Na semana retrasada, fracassaram as negociações do chamado G4 – grupo que inclui Brasil, EUA, União Européia (UE) e Índia – para tentar obter um acordo para a Rodada de Doha do comércio internacional.
Lula criticou os EUA, afirmando que o país, em vez de reduzir os subsídios agrícolas – como querem os países em desenvolvimento -, pretendia, na prática, aumentá-los.
Segundo o presidente, os EUA gastaram em média US$ 15 bilhões por ano em subsídios com sua agricultura nos últimos três anos e propuseram fixar o teto de gastos com subsídios agrícolas na OMC em US$ 17 bilhões, ou seja, na prática elevariam os gastos, em vez de reduzí-los.
Mas a proposta norte-americana significaria efetivamente a definição de um teto menor, já que atualmente os Estados Unidos, pelas regras internacionais de comércio, podem gastar até US$ 22 bilhões com subsídios agrícolas domésticos.
Os países do G20, grupo de emergentes que o Brasil lidera, queriam que o teto de gastos dos EUA na área fosse muito menor, em torno dos US$ 12 bilhões por ano.
“Chega de ser pequeno, chega de ser o País do futuro. Chega de ser a esperança do mundo, chega de ser um monte de adjetivos que nunca se concretizaram. Agora vamos concretizar”, completou ele.
Depois do fracasso da reunião do G4, a Rodada de Doha corre o risco de ficar em suspenso por vários anos. Durante o evento, Lula se referiu ainda às queixas dos empresários sobre a valorização do real frente ao dólar. Ele disse que não vai “inventar um número mágico, porque o câmbio é flutuante”.
De acordo com o presidente, a justificativa para a queda do dólar no mundo se deve ao défict fiscal nos EUA e cabe ao país resolver isso.