O extinto Campo Majoritário do PT, que comandou o partido com mão-de-ferro no início da gestão Lula e esteve no epicentro do escândalo do mensalão, está próximo de ser recomposto para a disputa das eleições internas da sigla.
O renascimento ocasional teria como principal objetivo fortalecer a pré-candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) ao Palácio do Planalto.
O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus assessores diretos, em conversas reservadas, têm demonstrado seu apoio à união da antiga força em prol de Dilma na corrida pela sucessão dele em 2010.
Para que isso aconteça, será preciso convencer a corrente Mensagem ao Partido, dissidência do antigo Campo Majoritário, a apoiar José Eduardo Dutra, o nome de Lula e de Dilma, a presidente do PT nas eleições de dezembro.
A inscrição das chapas termina em meados de julho, e a Mensagem está dividida entre lançar novamente o deputado federal José Eduardo Cardozo (SP) ou apoiar Dutra, como defende a ala mais afinada com o governo federal.
Lula, em conversa com o ministro Tarso Genro (Justiça), líder da Mensagem, ressaltou a importância da união do partido já neste ano e sugeriu que ele trabalhasse por ela.
Dutra, ex-senador por SE e presidente da BR Distribuidora, um braço da Petrobras, faz parte da CNB (Construindo Um Novo Brasil), a corrente hegemônica do PT e que venceu a eleição anterior, em 2007.
Diáspora petista
Em 2005, por conta do escândalo do mensalão, Tarso liderou uma ruidosa ruptura no Campo Majoritário petista e chegou a defender a “refundação” do partido.
Faziam parte do grupo o ex-ministro José Dirceu, o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o deputado federal José Genoino (SP), todos abrigados hoje na CNB e envolvidos no mensalão.
Mais um passo em direção à reconstrução da antiga hegemonia foi dado anteontem pela corrente Novo Rumo, outra dissidência do Campo Majoritário e que oficializou seu apoio a José Eduardo Dutra.
Nas eleições internas do PT em 2007, a divisão ocasionou uma disputa acirrada, a exemplo do que ocorrera em 2005: o deputado federal Ricardo Berzoini (SP), da CNB, foi eleito presidente do partido derrotando Cardozo, pela Mensagem, e Jilmar Tatto, pela corrente PT de Lutas e Massas, que teve apoio da Novo Rumo (veja quadro nesta página).
“Nós temos a compreensão de que hoje é possível ter uma unidade maior no partido, com uma direção forte, em torno da campanha de Dilma”, disse o deputado federal Carlos Zaratini (SP), membro do Diretório Nacional do partido e integrante da Novo Rumo.
“Queremos recompor o PT com a preocupação de eleger Dilma”, disse o também deputado federal José Mentor (SP), integrante da novo Rumo.
Segundo eles, a PT de Luta e Massas deverá seguir a mesma linha e fechar com Dutra.
Resistência
Dentro da Mensagem, no entanto, o consenso está longe. “Temos que debater melhor o assunto. O temor é nos transformarmos em linha auxiliar da CNB”, disse o deputado estadual paulista Simão Pedro.
Uma das correntes à esquerda da direção partidária e que não fazia parte do Campo, a Movimento PT lançou o deputado federal Geraldo Magela (DF) a presidente do PT. “Mas ainda vamos trabalhar para convencê-los a desistir da ideia e apoiar Dutra”, disse Zaratini.
F.Online