Depois de ser apresentado oficialmente pela diretoria do São Paulo em frente de cerca de 45 mil torcedores no estádio do Morumbi, o novo camisa 9 do clube, Luis Fabiano, falou por quase uma hora em sua primeira entrevista coletiva. E foram muitos os assuntos abordados pelo atacante.
O “Fabuloso” revelou, por exemplo, a expectativa de poder fazer sua estreia em cerca de duas semanas, e a intenção de “dividir” com o goleiro Rogério Ceni as cobranças de pênaltis marcados a favor do São Paulo.
Ele também confirmou que ainda sonha em voltar a defender a seleção brasileira, da qual foi titular incontestável na Copa do Mundo da África do Sul, no ano passado. Mas faz questão de ressaltar que esse é um objetivo a ser buscado mais pra frente e consequente de um bom desempenho com a camisa do time do Morumbi.
E bom desempenho não significa necessariamente ser artilheiro dos torneios que disputar. Afinal, na primeira passagem pelo São Paulo ele foi o maior matador de três competições (Brasileiro-2002, Paulista-2003 e Libertadores-2004), mas esses feitos não se refletiram em títulos. Dessa vez, ele deixa claro que prefere um troféu de campeão a qualquer prêmio individual.
Confira os principais trechos da entrevista coletiva de Luis Fabiano depois de ser oficialmente apresentado pelo São Paulo:
Emoção pela festa de recepção
“Começou no aeroporto. Quando cheguei já havia muita gente. Já foi a primeira emoção, sair no meio do público foi uma coisa nova. E hoje foi como um sonho. Voltar a vestir a camisa do São Paulo no Morumbi foi uma coisa que vai ficar marcada na minha vida. Eu nunca tinha visto no Brasil uma apresentação de um jogador com tanto público. Com o Ronaldo foi grande a festa também, mas essa vou levar pra sempre. A festa foi maravilhosa, mas amanha começa o trabalho e tenho que corresponder a tudo isso”.
Objetivo de voltar à seleção brasileira
“Eu volto pensando no São Paulo. Lógico que a seleção ainda faz parte da minha vida, da minha carreira, eu penso ainda. Acho que tenho condição de ajudar, mas hoje meu objetivo número um é voltar bem no São Paulo, ser o Luis Fabiano que todo mundo conhece. A seleção vai ser consequência. Hoje só penso em dar certo aqui. Com certeza agora ficou, não digo mais fácil, mas como estou no Brasil o treinador vai ter condição de me acompanhar mais. É uma grande chance de mostrar que eu ainda tenho condição de vestir a camisa da seleção”.
Propostas de outros clubes brasileiros
“A minha vontade era jogar no São Paulo e não aceitei nenhuma proposta. Só do São Paulo. Tive muitas. Mas por empréstimo o Sevilla jamais aceitaria. Quando soube que o São Paulo estava interessado eu fiquei muito feliz e tive que fazer todo o possível pra vir pro São Paulo, como fiz e deu certo. Gostaria de voltar pro Brasil, mas minha primeira opção sempre foi o São Paulo. Não sei se me adaptaria em outro clube”.
Rivalidade com o Corinthians depois de negar proposta do rival
“É algo normal eu vir pro São Paulo. Tive uma história maravilhosa com a camisa do São Paulo e eu entre um e outro vou sempre escolher o São Paulo, por tudo que o clube me deu, o carinho que os são-paulinos transmitem. Acho que isso não tem nada a ver. Minha vinda pra cá não vai acirrar em nada”.
Candidatos a outra apresentações históricas
“Quando cheguei na praça [em frente ao Morumbi] parecia jogo de Libertadores. Não imaginava tanta gente. Começou o nervosismo, a ansiedade de entrar no campo, festejar com a torcida. Quando eu vi o tanto de gente que tinha, aí fiquei muito nervoso. Foi uma coisa inesquecível, nunca tinha passado por isso. Só vi na Europa com Cristiano Ronaldo, Kaká. Me imaginava ali e hoje pude passar por isso. Vai ficar marcado na história do futebol brasileiro até alguém superar. Tem candidatos pra isso, como Kaká, Lugano”.
Dentro de campo, o entrosamento com os companheiros
“Espero que eu entre logo, me entrose o mais rápido possível com esses jogadores rápidos que tem no São Paulo, como Dagoberto, Fernandinho, Lucas, entre outros. Que eu possa acrescentar algo mais aos meninos, que me adapte ao futebol brasileiro, porque no começo vai ser um pouco duro. Na Europa a gente muda um pouco o estilo de jogo, mas quero ajudar e entrosar o mais rápido possivel”.
Temperamento explosivo
“Temperamento é coisa do passado. Com o tempo você adquire experiência e hoje não sou aquele menino de 21 anos, que era explosivo, não aceitava perder. Disputei grandes competições, como a Copa do Mundo, e hoje sou outro Luis Fabiano. Vou pensar mais antes de fazer besteira. Não que eu não vá fazer, porque santinho ninguém é. Mas como nos anos anteriores não”.
Duelo com Adriano, dentro e fora de campo
“São opiniões, cada um tem a sua. Tem gente que gosta de um certo jogador, outros preferem outro. Opiniões tem que ser respeitadas. Sobre a apresentação, o Corinthians tem o direito de colocar no dia que quiser. Se fosse no mesmo dia não ia estragar essa festa bonita, porque aqui só tinha são-paulinos. Se fosse junto seria igual. A festa não vai ser a mesma, não tem o Morumbi. Mas com certeza estão preparando uma grande festa porque é um jogador de peso do futebol mundial e merece isso, é uma grande pessoa”.
Prioridade para títulos, não artilharia
“Acredito que mesmo se eu fizer metade dos gols do artilheiro do Campeonato Brasileiro e o time for campeão, o torcedor vai ficar muito mais feliz que me ver artilheiro e o São Paulo sem título”.
Levi Guimarães, iG São Paulo