Segundo o presidente Volodymyr Zelensky, os horrores encontrados até o momento podem ser ‘apenas o começo’
Líderes ucranianos previram que descobertas mais horríveis que as feitas na cidade de Bucha nesta semana serão feitas nos próximos dias, depois que as forças russas em retirada da região de Kiev deixaram ruas repletas de prédios e carros, além de diversos civis mortos, em cenas que atraíram condenação em todo o mundo. O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, alertou na quinta-feira, 7, que, apesar da retração da Rússia, os ucranianos continuam vulneráveis. Em seu discurso noturno, o presidente Volodymyr Zelensky disse que os horrores de Bucha podem ser apenas o começo. Segundo ele, na cidade de Borodianka, no norte, a apenas 30 quilômetros a noroeste de Bucha, ainda mais vítimas podem ser encontradas, dizendo que “lá é muito mais horrível”.
O prefeito de Bucha, Anatoliy Fedoruk, disse que os investigadores encontraram pelo menos três locais de tiroteios em massa de civis durante a ocupação russa. A maioria das vítimas morreu por tiros, não por bombardeios, disse ele, e alguns cadáveres com as mãos amarradas foram “despejados como lenha” em valas comuns, incluindo uma em um acampamento infantil. O prefeito disse ainda que foi confirmada na última quarta-feira, 6, a morte de 320 civis, mas que ele esperava mais, já que corpos continuam sendo encontrados na cidade que abrigava 50 mil pessoas e atualmente conta apenas com apenas 3.700 residentes. Autoridades ucranianas disseram no início desta semana que os corpos de 410 civis foram encontrados em cidades ao redor da capital. Voluntários passaram dias coletando os cadáveres. Na cidade portuária de Mariupol, no sudeste do país, as autoridades ucranianas esperam encontrar o mesmo. “A mesma crueldade. Os mesmos crimes terríveis”, disse Zelenskyy.
Estimulados pelos relatos das atrocidades, principalmente em Bucha, os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) concordaram em aumentar seu suprimento de armas da Ucrânia, depois que o país pediu ajuda da aliança e de outros países simpatizantes para ajudar a enfrentar uma ofensiva esperada no leste. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, publicou uma foto no Twitter enquanto embarcava em um trem nesta sexta-feira, 8, acompanhada pelo principal diplomata da UE, Josep Borrell, para ir a Kiev para mostrar solidariedade à Ucrânia e se encontrar com Zelensky. “Ansiosa por Kiev”, escreveu Von der Leye.