domingo, 22/12/2024
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Líder opositor se refugia na embaixada da Holanda no Zimbábue

O Ministério das Relações Exteriores holandês informou nesta segunda-feira, 23, que o líder oposicionista do Zimbábue Morgan Tsvangirai se refugiou na embaixada da Holanda em Harare. A confirmação foi feita no mesmo dia em que a polícia local realizou uma operação em escritórios da oposição e prendeu cerca de 60 pessoas, segundo um porta-voz do partido.

Líder do Movimento para a Mudança Democrática (MMD), Tsvangirai se retirou da disputa pela presidência zimbabuana no domingo. Ele alegou que não era possível ocorrer uma eleição justa e livre em meio ao clima de violência do país. Tsvangirai enfrentaria nesta sexta-feira no segundo turno o atual presidente zimbabuano, Robert Mugabe, há 28 anos no poder. O governo já informou que a eleição ocorrerá normalmente no dia previsto.

Segundo um porta-voz do MMD, Nelson Chamisa, foram detidas crianças e mulheres na operação policial. Várias pessoas se refugiaram em instalações do partido oposicionista, por medo da violência. Foram levados também móveis e computadores, segundo Chamisa. A polícia ainda não havia se pronunciado sobre o caso.

Em uma operação semelhante em abril, policiais prenderam várias pessoas, por suposta responsabilidade pela violência após o primeiro turno eleitoral. Uma corte liberou posteriormente esses detentos.

Também nesta segunda-feira, Roy Bennett, alto membro do MMD, disse esperar que uma disputa justa ocorra com o apoio de líderes africanos. Bennett, tesoureiro da sigla, pediu à Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral e à União Africana que negociem a formação de um governo de transição.

O MMD está disposto a formar um governo com membros moderados do partido da situação, o ZANU-PF, porém sem a participação de Mugabe. “Mesmo em um governo de transição, nós não vemos nenhum espaço para ele”, disse Bennett.

Críticas

Nesta segunda-feira, o ministro britânico para África e Ásia, Mark Malloch-Brown, fez duras críticas a Mugabe. Para ele, o presidente do Zimbábue não tem mais legitimidade. “Nós não aceitamos o status quo”, afirmou Malloch-Brown. “Nós não esperamos que a comunidade internacional aceite o status quo”, avaliou. O ministro do Reino Unido completou dizendo que “Mugabe não é mais o legítimo líder desse país”.

Malloch-Brown pediu ainda um “aprofundamento” das sanções internacionais ao Zimbábue. Antes, Michael Ellam, o porta-voz do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, comentou o caso. Segundo Ellam, Brown estava desapontado com “a escala de violência e intimidação que limitou a capacidade de Tsvangirai para fazer campanha”.

O chefe da política externa da União Européia, Javier Solana, condenou o “nível inaceitável de violência” e intimidação no Zimbábue. Solana afirmou que o pleito se transformou em uma “caricatura de democracia”, além de definir como “compreensível” a desistência de Tsvangirai.

O primeiro-ministro da Austrália, Kevin Rudd, também pediu sanções internacionais ao Zimbábue. O governo australiano já impõe restrições ao país, porém anunciou que pode ampliá-las e exortou outros países a fazerem o mesmo.

Antes do primeiro turno de 29 de março a campanha foi realizada em geral de forma pacífica. Porém depois disso cresceu a violência e a intimidação, especialmente nas zonas rurais. Grupos independentes de direitos humanos afirmam que pelo menos 85 pessoas morreram e dezenas de milhares tiveram que deixar suas casas. A maioria das vítimas era formada por partidários da oposição.

Missão brasileira

A missão de observadores brasileiros que partiria no domingo para acompanhar o segundo turno das eleições no Zimbábue suspendeu a viagem depois que o candidato da oposição, Morgan Tsvangirai, anunciou que desistiu de concorrer. Ele disputava a Presidência com o atual presidente Robert Mugabe.

A comitiva brasileira seria formada pelo embaixador Virgílio Moretzohn, por um diplomata da área e também pelo senador Virgínio de Carvalho (PSC-SE). Segundo a assessoria de imprensa do Ministério das Relações Exteriores, a missão foi suspensa até que se defina o quadro eleitoral no país. Assim como no primeiro turno, quando uma comitiva brasileira acompanhou o pleito, a missão que partiria para Harare, capital do país, foi convidada pelo governo do Zimbábue. Em março, os observadores do Brasil foram o embaixador brasileiro no Zimbábue, Raul de Taunay e o deputado Antonio Carlos Pannunzio (PSDB-SP).

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Parmenas Alt
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