Apesar de uma trégua organizada para permitir o acesso de organizações de ajuda humanitária aos civis no campo de refugiados palestinos Nahr el Bared, no norte do Líbano, um comboio da ONU carregado de suprimentos foi atingido por tiros quando tentava entrar no local nesta terça-feira. Ao menos 15 civis foram atingidos, mas não há informações oficiais sobre o número de mortos.
De acordo com a agência France Presse, dois civis morreram; a rede de TV Al Arabiya estimou o número em quatro mortos. Um oficial da ONU afirmou que duas picapes e um caminhão de transporte de água ficaram cercados durante um tiroteio entre militantes islâmicos do grupo radical Fatah al Islam e o Exército libanês, que já estão no terceiro dia de confrontos na região do campo de refugiados.
Um alto oficial do Exército negou ter aberto fogo contra o comboio da ONU e disse que, se o “incidente” aconteceu, a culpa era dos radicais islâmicos. “Nós permitimos que o comboio entrasse no campo. Não atiramos contra eles”, disse o oficial, que não quis se identificar.
No entanto, um funcionário da ONU afirmou ter visto militares libaneses atirando contra o caminhão de água. Ele disse que o episódio possivelmente aconteceu por falta de coordenação da operação.
Fuga
Em meio à tensão, milhares de pessoas tentaram fugir hoje do campo Nahr el Bared durante uma pausa nos confrontos.
A agência Associated Press informou que uma fuga em massa do campo começou por volta das 21h.
Oficiais de ajuda humanitária da ONU que estavam em outro campo ao sul de Trípoli (onde fica Nahr el Bared) estimaram que cerca de 10 mil refugiados palestinos chegarão ao local na noite de hoje.
Em imagens de TVs locais, refugiados foram vistos agitando toalhas brancas de janelas ou mesmo sacos plásticos brancos, sinalizando que não são combatentes.
Ajuda militar
Ainda hoje, o Líbano pediu mais ajuda militar aos Estados Unidos, informou o Departamento de Estado americano. “Neste momento estamos considerando um pedido de mais assistência feito pelo governo libanês. As Forças Armadas do Líbano estão envolvidas em uma luta dura contra um grupo brutal de extremistas violentos”, disse o porta-voz do departamento, Sean McCormack.
Ele não informou o valor da ajuda pedida, mas disse que a requisição foi feita nos últimos dias. No último ano, os EUA forneceram cerca de US$ 40 milhões em assistência militar ao Líbano, segundo a Reuters. Os fundos seriam utilizados para a compra de armas, munição, veículos e equipamento militar, assim como no financiamento de treinamento militar.
McCormack disse ainda que o Fatah al Islam, acusado de ter vínculos com a rede terrorista Al Qaeda, é um grupo “muito brutal”, e que as forças de segurança do Líbano estão fazendo um trabalho “valioso” ao lutarem contra ele.
Anteriormente, o governo do presidente dos EUA, George W. Bush, pediu ao Congresso US$ 280 milhões em assistência militar adicional para o Líbano, mas a verba ainda não foi aprovada. O pedido feito nesta semana pelo governo libanês não está ligado aos fundos solicitados ao Congresso por Bush.