quinta-feira, 21/11/2024
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Kamila Simões aos 20 anos é mãe e tem luz própria de sobra

Era uma segunda-feira quente quando ela entrou na redação dentro de uma calça jeans estonada, dessas que voltaram à moda, e uma camiseta estampada. Nos pés, tênis de basquete enormes – um Air Jordan, marca criada pelo Pelé do esporte. O sorrisão iluminava a casa onde trabalhamos. Ao lado dela estava seu pai, Kleber Geraldo Lelis Simões, o KL Jay, DJ dos Racionais MC’s, o maior grupo de rap do Brasil.

Pai e filha vieram até a Trip saber de nossas intenções com este ensaio. Nos preocupamos em vão. KL Jay veio em missão de paz, superorgulhoso da cria e falando que “não manda em nada”. “Ela tem 20 anos, é dona do seu nariz. A gente instrui os filhos [ele tem sete, com três mães diferentes] até certo ponto. O mais importante mesmo é espalhar o amor”, disse. Bela mixagem, DJ.

“Sou meio egocêntrica, vai. Gosto de aparecer, acho que sou bem fotogênica”

Uma semana depois da primeira visita, logo após ter posado para as fotos que você está vendo, reencontro Kamila para a nossa entrevista. “Quer dizer que aquela cara de poucos amigos dos Racionais é só pose para foto?”, pergunto. “Acho que sim [risos]. Mas na verdade eu convivi muito pouco com eles. Era pequena quando estouraram. São todos tranquilos”, acredita. “Menos o Brown. Ele é brabo mesmo.”

ANITTA E CHRIS BROWN

Ela conta que, ironia do destino, sempre zoava o pai dizendo que “ia sair pelada na Trip”. Saiu. E por que tirar a roupa assim pela primeira vez, Kamila? “Sou meio egocêntrica, vai. Gosto de aparecer, acho que sou bem fotogênica. Quis usar esse meu lado”, confessa, sem medo de ser feliz. Se o pai “foi de boa”, o namorado enciumou, para logo relaxar também. Já a mãe e a avó ficaram empolgadíssimas. “Para as amigas eu não contei nem mostrei nada. Vão ficar chocadas”, diverte-se. Kamila veio parar nestas páginas graças a Autumn Sonichssen, nossa fotógrafa com ímã para beldades desconhecidas. Ela mandou uma mensagem por Facebook para Kamila, que primeiro achou que era uma brincadeira. Quando viu que a coisa era séria, aceitou o convite.

Atualmente, ela se dedica integralmente à trabalhosa tarefa de ser mãe. Analice veio ao mundo 11 meses atrás sem muito aviso nem planejamento. Mas Kamila e Renan, namorados há “uns três anos, não sei”, abraçaram a ideia. Quando a pequena começar a dar menos trabalho, a mãe planeja fazer uma faculdade de design gráfico ou engenharia – e, antes de mais nada, recuperar todo o sono perdido. Tocar música nunca fez muito sua cabeça: “Meu pai é DJ, tenho dois irmãos DJs [Will e Kalfani] e a mais nova também quer ser DJ agora. Tá bom já, uma família não precisa de tanta música assim”. Mas escutar, sim. Sempre. Principalmente hip-hop gringo e comercial, como Chris Brown. “Racionais escuto muito pouco. De nacional, tenho ouvido mais Anitta”, ri, apesar de estar falando sério.

“Às vezes estou com meus irmãos em um restaurante e alguém olha feio para a gente. Em qualquer lugar que você for vai ter gente preconceituosa”

Da infância no Tucuruvi, bairro paulistano onde nasceu, cresceu e mora até hoje, ela lembra com carinho. Lamenta só um episódio pelo qual passou no primeiro ano do segundo grau, “em uma escola de boy”: “Tinha um menino superpreconceituoso, que adorava zoar a mim e aos outros dois únicos meninos negros que havia na sala. Um dia eu cansei e peitei o cara. Tomei uma suspensão da diretora da escola, que nem quis escutar o que tinha acontecido. Meu pai teve que ir lá, deu a maior confusão”. Foi quando Kamila percebeu que o racismo não tem hora nem endereço para aparecer. “Às vezes estou com meus irmãos em um restaurante e alguém olha feio para a gente. Mas meu pai sempre falou muito sobre esse assunto com a gente. Em qualquer lugar que você for vai ter gente preconceituosa. Cabe a nós se importar com isso ou não. Eu me importo, mas não fico procurando problema.”

Já passa das 21 horas, e é hora de dormir para a nova mãe, de licença das outrora queridas baladas. Ela entra no táxi que a vai levar para a zona norte, doida para se jogar nos braços de Orfeu depois de um dia de fotos e entrevista. Este texto também se despede, sem nenhuma analogia entre nossa Trip Girl e alguma letra dos Racionais. Não precisa. Kamila, apenas, é mais do que suficiente.

Produção Executiva Adriana Verani Styling Lara Gerin Make&Hair Omar Bergea Produção de moda Lidia Yang Assistente de foto Josu e Patricia Barreto
Tratamento de imagens Andi Kuonath para RedFishBlack.com Agradecimentos A La Garçonne, Beevee, Billabong, Dopping, Hope, Jack Vartanian, Jun Matsui, Miz.; couture, Moikana, Scala

RevistaTRIIP

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
A estrada é longa e o tempo é curto. Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as consequências destas ações.
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