Além de se julgar extremamente competente, o presidente Juvenal Juvêncio, sempre que pode, gosta de exibir o seu lado folclórico. Durante a entrevista coletiva que concedeu para explicar a saída de Emerson Leão do São Paulo, o dirigente, quando questionado se faria sucesso como o homem do banco de reservas, não teve dúvidas. Pelo que falou, seria apenas questão de tempo para a equipe recuperar o caminho dos títulos, o que não acontece desde 2008.
– Eu seria (um bom técnico). Olha, naquele tempo em que podia entrar no campo, o diretor ficava sentado no banco, ajudava. Se ele tiver autoridade, conhecimento, muda. Muda o jogo durante a partida. Eu tenho história nisso aí. É difícil, você sofre mais do que os outros. Acho que seria um bom técnico. Até porque os jogadores falam muito comigo, me ouvem muito. Quando a coisa aperta, eles chamam o Juvenal – afirmou o dirigente.
Juvenal, na grande maioria do tempo, não interfere no trabalho do treinador. O que fez com Leão no caso Paulo Miranda não é comum de acontecer. Porém, em momentos nos quais ele julga importante, costuma ter conversas reservadas com elenco, sem a participação de outros membros da diretoria ou da comissão técnica.
Acho que seria um bom técnico. Até porque os jogadores falam muito comigo, me ouvem muito. Quando a coisa aperta, eles chamam o Juvenal"
Juvenal Juvêncio
Isso ocorreu, por exemplo, antes da partida de volta contra a Ponte Preta, pela Copa do Brasil, no estádio do Morumbi. Após perder o jogo de ida por 1 a 0, em Campinas, o time entrou em campo com a obrigação de vencer por dois gols de diferença. Saiu perdendo por 1 a 0, mas teve forças para reagir e marcar os três gols que garantiram a classificação.
– Antes daquele jogo, a conversa foi fechada, só comigo. Tenho um contato muito forte com os atletas. Naquela partida, além de futebol, tivemos alma e coração. Tinha atleta no vestiário que mal tinha força para andar. Esse tipo de coisa faz a diferença no futebol de hoje – ressaltou o mandatário tricolor.
Juvenal reconhece que do seu camarote na presidência não consegue fazer muito para ajudar o time. Ele sofria ao ver o fraco futebol do time de Leão. Mas lembrou que isso não foi exclusividade do ex-técnico.
– Em 2003, quando era diretor de futebol do Marcelo (Portugual Gouvêa, ex-presidente, que morreu em 2008), ele me avisou que iria colocar o Rojas como técnico. Então coloquei o Milton Cruz junto para ajudar. Nos jogos, o chileno ficava sozinho no banco e era uma tragédia. Futebol não é fácil, não se ensina na escola. É preciso ter sabedoria para ter sucesso – finalizou.
Por Marcelo Prado
São Paulo