Ela teria que ficar detida por 10 dias preventivamente; polícia ainda não encontrou Yenifer Paredes, mas realizou diligência na residência oficial de Pedro Castillo
A justiça do Peru ordenou a prisão preventiva durante dez dias da cunhada do presidente do país, Pedro Castillo, Yenifer Paredes, que está sendo investigada por tráfico de influência por supostamente oferecer uma obra de saneamento em Cajamarca, a região de origem do presidente. A polícia e a equipe especial de procuradores contra a corrupção foram ao Palácio de Governo, no centro histórico de Lima, capital do Peru, por volta das 17h (hora local; 19h em Brasília) da última terça-feira, 9, aparentemente para prender Paredes, que, até o momento, ainda não foi detida. A medida de detenção, de acordo com a resolução judicial divulgada pela imprensa local, foi aprovada na sexta-feira passada e está sendo executada em várias operações lideradas pelo procurador Hans Aguirre, que resultaram na captura de dois empresários e de um prefeito de Cajamarca, todos implicados em uma suposta rede criminosa entrincheirada no governo, da qual Castillo seria o líder.
A equipe de procuradores e membros da Divisão de Investigação de Crimes de Alta Complexidade (Diviac) da polícia passaram mais de três horas na residência presidencial para executar o mandado de captura contra Paredes, mas ainda não a encontraram. A investigação do procurador contra a cunhada de Castillo foi revelada após uma reportagem da “América Televisión”, que divulgou um vídeo em que a jovem falava com residentes de uma comunidade no distrito de Chota, em Cajamarca, que precisava fazer um censo da população para construir uma obra de saneamento, apesar de não ocupar nenhum cargo no Executivo. Nas imagens, Paredes aparece com Hugo Espino, que foi preso nesta tarde e é o representante legal da empresa JJM Espino Ingeniería & Construcción S.A.C., que em setembro de 2021 ganhou uma licitação por mais de 3,8 milhões de sóis (quase US$ 1 milhão).Por este caso, Paredes e a primeira-dama foram ao Ministério Público para prestar depoimento em julho.
A cunhada de Castillo também foi recentemente convocada pela Comissão de Fiscalização do Congresso, onde negou ter tido qualquer influência nos contratos que Espino ganhou com o governo, embora tenha reconhecido que trabalhava para a sua empresa. Ela explicou que conhecia o empresário desde 2019 e que começou a trabalhar para ele em agosto de 2021, razão pela qual Espino “habitualmente” visitava o Palácio de Governo. A irmã da primeira-dama especificou que o contrato que tinha com a empresa de Espino era “verbal” e assegurou que nas imagens transmitidas pela imprensa estava realizando o seu trabalho para a empresa, o que implicava “fazer um censo da população, coletar dados estatísticos para ver se era viável realizar um projeto”.
Pouco antes do início das diligências no Palácio do Governo, a imprensa local reportou a prisão de Espino, da sua irmã Anggi Espino e do prefeito de Anguía, em Chota, José Medina Guerrero. Medina Guerrero, que é próximo do presidente Pedro Castillo, foi apontado por Bruno Pacheco, que foi secretário presidencial de Castillo, como um dos operadores de uma suposta rede criminosa integrada no Executivo e liderada pelo presidente, de acordo com a hipótese da procuradoria. Segundo a resolução judicial que autorizou estas quatro detenções, Castillo seria o “chefe” desta suposta organização corrupta, que teria Medina e o atual ministro dos Transportes, Geiner Alvarado, como “líderes”. Os “coordenadores”, segundo esta versão, são a primeira-dama e a família do presidente, enquanto os irmãos Espino e a cunhada de Castillo são considerados “testas de ferro”. Castillo tem pouco mais de um ano na presidência do Peru.
*Com informações da EFE