O bicheiro João Arcanjo Ribeiro vai deixar Mato Grosso amanhã, às 9 horas, no avião Caravan da Polícia Federal (PF), com destino à carceragem da superintendência da PF do Distrito Federal (DF), onde ficará albergado até que os procedimentos para ser transferido ao presídio federal de Catanduvas (PR) sejam concluídos. Sua saída do Estado foi deferida na noite de segunda-feira pelo juiz substituto da 1ª Vara Federal de Mato Grosso, Marcos Alves Tavares, que determinou a remoção do detento no prazo de 24 horas, concedendo o pedido da Secretaria Estadual de Justiça (Sejusp) protocolado logo que Arcanjo retornou ao Estado, em março.
De acordo com o superintendente substituto da PF em Mato Grosso, Geraldo Pereira, que havia anteriormente informado ter sido a transferência marcada para hoje, o procedimento foi adiado em virtude de problemas no local onde será recebido. “Houve um imprevisto e a transferência será na sexta-feira. O pessoal da aviação inclusive já está aqui, mas houve um problema no local da custódia, de falta de vaga na carceragem em Brasília”.
Arcanjo será escoltado até o Distrito Federal por dois policiais da superintendência local, que compõem a tripulação do vôo juntamente com dois pilotos. O translado da penitenciária Pascoal Ramos até o aeroporto também será realizado por policiais da PF, procedimento que, segundo o superintendente em exercício, não necessitará de todo o aparato de viaturas utilizado na chegada do bicheiro no Estado. “Não é preciso tudo aquilo”, comentou Pereira.
O tenente-coronel chefe do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope) – responsável pela guarda de Arcanjo desde sua chegada em Mato Grosso -, Joelson Sampaio, informou que ajudará na escolta do bicheiro conforme a solicitação da PF. “Entregaremos o preso onde eles quiserem receber, dentro do Pascoal Ramos ou no aeroporto, utilizando o helicóptero”, reiterou, informando que a participação do Bope será decidida na hora do transporte.
Para o governo estadual, que manteve um efetivo inteiro de mais de 30 homens da inteligência da Polícia Militar exclusivo para custodiar Arcanjo dentro e fora do Pascoal Ramos, por pouco mais de quatro meses, sua saída de Mato Grosso veio em boa hora. Segundo o secretário adjunto de Justiça, Sebastião Ribeiro, a guarda do bicheiro significou um gasto de aproximadamente R$ 200 mil durante o período em que ficou aqui, valor com que o sistema prisional consegue manter cerca de 100 outros detentos. “Sem contar o desvio de função do Bope”, acrescentou.
A ida de Arcanjo para o presídio federal ainda é indefinida, tendo em vista que, apesar do deferimento do juiz de Mato Grosso, o juiz da vara de execuções do Paraná terá que aceitar seu encaminhamento para o estado, como determina a resolução 502 do Conselho Nacional de Justiça. No mesmo despacho sobre sua transferência para Brasília, Tavares disse estar impossibilitado de conceder sua inclusão no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), como solicitou a Sejusp, em virtude da deficiência estrutural do sistema prisional do próprio Estado.
O raio cinco do presídio Pascoal Ramos, que abrigará o bicheiro até amanhã, estará ocupado por outros 30 detentos até o final de julho, assim que executada a transferência de Arcanjo.