O juiz da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, Fausto Martins de Sanctis, rejeitou nesta quarta-feira o acordo com o colombiano Juan Carlos Ramirez Abadia, no qual ele oferecia entre US$ 30 milhões e US$ 40 milhões em troca de benefícios.
Entre os benefícios, estão a extinção da pena de sua mulher, Yéssica Paola Rojas Morales, a sua transferência para o presídio paulista de Itaí, além da delação de três colaboradores que estão no exterior e se entregariam à Justiça americana. Um brasileiro também seria delatado.
O Ministério Público Federal (MPF) foi favorável à realização do acordo, porém, a decisão do juiz foi contrária. De acordo com Thamea Adanelon, procuradora da República, o acordo seria interessante para a Justiça brasileira.
“É um caso em que não haveria prejuízo à Justiça brasileira, já que ele seria extraditado e continuaria pagando sua pena nos EUA”, disse.
Abadia saiu do prédio da Justiça Federal de Primeiro Grau, em São Paulo, em um carro da Polícia Federal. Ele será levado novamente para o presídio de segurança máxima de Campo Grande (MS), onde está preso.
A promotora lamentou a rejeição do acordo. “Infelizmente foi negado. Acho que esse dinheiro poderia ter destinação social, ser investido para melhorar a segurança em presídios, para ONGs, para instituições cadastradas na Justiça Federal”, disse.
Thamea Adanelon ressaltou ainda que Abadia não pedia a sua própria liberdade e sim a da mulher, acusada de lavagem de dinheiro, uso de documento falso e formação de quadrilha.
“Seria um valor que a sociedade brasileira não poderia abrir mão. Ele não estava pedindo em troca a soltura dele, a absolvição dele. A mulher dele está clandestina no Brasil. Sendo solta, ela seria expulsa. Não ficaria delinqüindo no País”, afirmou.
O advogado de defesa Luiz Gustavo Bataglin Maciel explicou um dos motivos para a rejeição do pedido. “O juiz entendeu que as garantias tinham de ser previamente definidas por escrito, o que não aconteceu.”
O juiz alegou que não poderia dar as garantias a Abadia, sem que previamente ele fizesse a entrega de sua fortuna. “O juiz não concordou com o pedido, já que ele tinha de ser formalizado pela Justiça”, disse a promotora.
Sem acordo, Abadia não contou à Justiça onde o dinheiro que ainda está em poder dele estaria escondido.
Redação Terra