Lembro que na época da faculdade éramos obrigados a ler o livro de Clóvis
Rossi “O que é jornalismo?”, um livro para mexer com o imaginário sobre a
profissão. Um exemplo disso, logo nas primeiras páginas, quando diz que
jornalismo é “uma fascinante batalha pela conquista de mentes e corações”.
Mas a questão é: conquistar para que? Ou para quem?
Todo jornal é antes de tudo uma empresa, e todo jornalista é antes de tudo
um operário; funcionário de uma empresa que tem sua linha editorial, ou
seja, o manual de conduta, a alma, aquela que ninguém vê “com os olhos”, mas
sente na carne.
Em ano eleitoral é fácil notar as tendências dos jornais, a verdade no
jornalismo é subjetiva, ela pode assumir várias faces.
Não digo que o jornalista exerce a aptidão de Pinóquio, mas talvez sim a de
Gepeto, pode não mentir, mas “controla” as palavras de acordo com as
vontades e as “verdades” da empresa em que trabalha.
Daí a frase que – a liberdade de imprensa é questionável; é mais verossímil
dizer liberdade de empresa.
Cada veículo de informação informa da maneira que melhor convêm, uma rápida
passada de olho nas prateleiras das bancas de jornal, ou uma navegada por
vários portais de comunicação, é fácil ver um político ir “do céu ao
inferno”.
Quem realmente diz a verdade? Essa pergunta deve inquietar a maioria dos
leitores.
A resposta é: Depende, a verdade é talvez a “coisa” mais subjetiva que se
tem (na) notícia.
Laércio Guidio– Jornalista, com extensão universitária em Fundamentos Semióticos e metodológicos para o ensino de textos.