Pela primeira vez desde que foi anunciada a proposta de compra de aviões-caça suecos, o governo federal comentou a polêmica sobre a compra do equipamento militar.
“Ainda não conheço a proposta. Tudo o que sei saiu pela imprensa. Cada coisa a seu tempo. Temos que aguardar a decisão da Força Aérea”, disse o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, em cerimônia para o lançamento dos Jogos Olímpicos Militares, no Rio de Janeiro.
Perguntado sobre o fato de os caças suecos custarem a metade do preços dos apresentados nas outras propostas, ele ironizou: “É uma compra casada? Compre uma cerveja e leve quatro guaranás?”
Propostas
Sobre o prazo para apresentação de propostas ele não descartou a possibilidade de haver mudanças na data inicialmente prevista, no próximo dia 21. “A Aeronáutica pode resolver estender o prazo. Mas isso quem tem que dizer é a Força Aérea”, disse.
Na última quinta-feira (17), a Suécia ofereceu ao Brasil, por meio da fabricante Saab, os caças Gripen pela metade do preço de mercado. A empresa disputa com a norte-americana Boeing e a francesa Dassault o fornecimento de aviões de combate à Força Aérea Brasileira (FAB). O negócio está avaliado em pelo menos US$ 4 bilhões.
“Nós achamos que temos um preço muito, muito favorável. É de comprar dois aviões caças da marca Gripen pelo mesmo preço de um avião dos concorrentes”, disse o vice-ministro de Defesa da Suécia, Hakan Jevrell. “Nós vamos entregar uma proposta ainda melhor que a primeira que entregamos algumas semanas atrás”, continuou ele, que não revelou o valor de oferta dos caças.
A proposta para que o Brasil possa comprar dois caças pelo preço de um será oficializada até o próximo dia 21 – data limite fixada pelo Ministério da Defesa para o recebimento de propostas. Jevrell disse que se o caça sueco for o escolhido, o país oferecerá uma “linha de crédito muito atrativa” ao Brasil.
Ele disse que seu país não busca apenas um comprador. “Buscamos uma parceria estratégica e cooperação de longo prazo para as futuras gerações do poder aéreo e do desenvolvimento industrial”, afirmou Jevrell.
Tecnologia do motor
O modelo sueco usa motores norte-americanos. Jevrell disse que isso não é um problema para o Brasil. “A integração de um motor é muito cara. mas se no futuro o Brasil quiser desenvolver um caça próprio com outro motor, nós vamos mostrar como se integra esse motor. Nós mostramos como integrar o motor num caça supersônico. Depois, se o Brasil quiser escolher outros motores, é possível.”
Segundo ele, o fato de o Gripen ter apena suma turbina –crítica de especialistas ao modelo sueco– é, na verdade, uma vantagem, disse. “Custa menos para operar, o caça não tem que fazer tanta manutenção, não precisa tanta estrutura e é por isso que nós temos um preço imbatível tanto na hora da compra como na hora da manutenção nos próximos 40 anos”, afirmou.
Negociações e ofertas
A oferta sueca acontece depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter dito, durante as comemorações do 7 de Setembro, que as negociações com a França estavam “muito avançadas”.
O presidente Lula e seu colega francês, Nicolas Sarkozy, emitiram comunicado conjunto no dia 7 de setembro, durante visita do francês ao Brasil, em que anunciavam a intenção do governo brasileiro negociar a aquisição de 36 caças GIE Rafale.
Dois dias depois, a Embaixada dos Estados Unidos soltou comunicado em que anunciava que o país concordava com a transferência de “tecnologia necessária” dos caças F/A-18, além de prever a montagem dos aviões no Brasil.
O presidente Lula chegou a ironizar a proposta feita pelos EUA, ao ser questionado pelo G1. “Daqui a pouco vou receber de graça [os caças]”, disse.
Fonte:G1