O presidente afastado da Câmara de Cuiabá João Emanuel Lima (PSD) comprometeu os nomes do sogro dele, deputado estadual José Riva (PSD), e do governador Silval Barbosa (PMDB) para tentar contornar uma negociação de terreno mal sucedida que ele fez com o agiota de Cuiabá Caio César Vieira de Freitas.
Investigação do Ministério Público Estadual, via Gaeco, identificou que João Emanuel utilizou documento falso da propriedade para tentar captar dinheiro, além de ser acusado de fraude de licitação. O vereador enfrenta também proposta de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre Grilagemurbana e foi afastado da presidência pela Operação O Aprendiz.
O presidente afastado da Câmara de Cuiabá João Emanuel Lima (PSD) comprometeu os nomes do sogro dele, deputado estadual José Riva (PSD), e do governador Silval Barbosa (PMDB) para tentar contornar uma negociação de terreno mal sucedida que ele fez com o agiota de Cuiabá Caio César Vieira de Freitas.
O genro de Riva insiste , no vídeo, que “o rapaz que comprou o terreno (Caio), faz muitos negócios" e que " o Caio pode ter os defeitos dele, mas pelo menos ele cumpre a sua parte lá no Estado,cumpre lá com a Assembleia (Legislativa), enfim..”, defendeu Emanuel, ainda frisando que o agiota“ é uma pessoa idônea e séria e faz negócio comigo, faz negócio com o Silval, empresta pra ele …"
Para João Emanuel, seria muito mais cômodo formalizar um acordo pacífico com Ruth, do que “cancelar o negócio do Riva que já está feito pelo Caio e celebrado”.
Outro agravante , apontado pela dona dos terrenos é que esses imóveis ( que já estariam com muros e até um barracão onde funciona uma oficina) teriam já sido alugados para um período de três anos.
“O que eu sugerir é ressarcir o proprietário que está lá (locatário), ressarcir a senhora, fazer uma forma de compensação financeira à senhora, para não fazer que nós queimemos um nome muito grande lá na frente. Eu tenho disponibilidade para fazer isso, inclusive”, ofereceu João Emanuel.
DINHEIRO EM ESPÉCIE
Decidida a recuperar os terrenos, a empresária recebeu então Do presidente afastado da Câmara a proposta de R$ 500 mil pelos dois imóveis.
Esse acordo foi verbalizado no ato da gravação no dia 7 de outubro, ficando a dívida de Emanuel parcelada, com um sinal de R$ 100 mil de entrada para 15 de outubro e os outros R$ 400 mil divididos em 8 mensalidades de R$ 50 mil até a quitação.
A empresária aparece no vídeo também condicionando o acordo ao “pagamento em espécie, nada de cheque”
No vídeo, a que a reportagem do HiperNotícias teve acesso, Emanuel também defende a idoneidade do próprio agiota e do dono do Cartório do 6 º Ofício, José Pires, que teria levado 10 dias para ‘autenticar’ a procuração para João Emanuel.
Esta gravação está em poder do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que apura também por meio da Operação Aprendiz denúncias de recebimento de propina de vereadores de Cuiabá e fraudes em licitações, entre outros crimes de improbidade.
“Querendo ou não envolve o nome do Riva”, insistiu o vereador, em outro trecho o genro do deputado, enfatizando que “eu vim para assumir tudo,eu aceito assumir o compromisso para que possamos resolver isso sem imbróglios , sem briga, sem nada”.
NEGOCIAÇÃO
Ruth, a dona dos terrenos e autora da gravação escondida, faz também por diversas vezes, apelo a João Emanuel para que ele saia dessa negociação e “tire o seu da reta, se alguém quiser vai te ferrar a vida, então se você não tem nada, sai fora”.
Mas, conselhos à parte, o vereador manteve-se firme na assunção da responsabilidade pela negociação com o agiota, seguro de que seria ele próprio, parte direta dos interessados pelo acordo financeiro com Caio Freitas.
“Eu não estou falando que eu não tenho nada, estou falando que eu sou o garantidor desse negócio para essa empresa, então de um jeito ou de outro eu tenho que arcar com o ônus”, apontou.
Para convencer a dona dos terrenos a também não tentar cancelar o trâmite feito junto ao Cartório do 6º Ofício, João Emanuel argumentou que esse processo seria muito demorado, algo que chegaria a 10 anos, já que para a retirada do cartório “teria que entrar com uma ação de cancelamento de registro público”