O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) acusou, em delação premiada aos procuradores da República, que o também ex-governador e atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), participou de um esquema de propina que pagou R$ 6 milhões para que o ex-secretário Eder Moraes mudasse a versão de uma denúncia de corrupção no Estado.
As revelações feitas por Silval foram destaque no Jornal Nacional, da TV Globo, na noite desta sexta-feira (11). Segundo a reportagem, o peemedebista contou à Procuradoria-Geral da República como funcionava o esquema em Mato Grosso.
“Na denúncia, Silval revelou pagamentos ao ex-secretário de Mato Grosso, Éder Moraes, para que ele mudasse o depoimento a fim de inocentar Blairo Maggi”, destacou trecho da matéria.
À época, primeiro Eder denunciou ao Ministério Público Federal (MPF) “que ele, Silval e Blairo sabiam da compra de vagas no Tribunal de Contas do Estado [TCE] e Eder queria assumir uma delas”.
No entanto, na delação, o ex-governador explica aos procuradores que “depois deste depoimento, Eder procurou Silval e Blairo e pediu R$ 12 milhões para voltar atrás no que disse”. Ambos aceitaram pagar a propinar, porém, apenas metade, ou seja, R$ 3 milhões de Silval e R$ 3 milhões do ministro.
“O delator [Silval] disse que a parte de Blairo foi entregue a Éder por Gustavo Capilé, ligado ao ministro, sendo que Blairo confirmou o pagamento em dinheiro vivo, entre os anos de 2014 e 2015. Silval confessou que sua parte foi entregue por Silvio Côrrea Araújo, seu então chefe de gabinete, na casa de Eder, e outra parte serviu para quitar uma dívida do ex-secretário de R$ 800 mil”, diz trecho do documento.
Após os pagamentos, o ex-secretário realmente mudou a versão do seu depoimento. “Eder contou que em 2009 falou com os ex-governadores que queria comprar uma vaga no TCE. (…) Já em janeiro de 2015, o ex-secretário deu uma entrevista afirmando que havia mentido no depoimento anterior”.
Na época, Eder disse: “Estava tomado pela emoção de não ter sido atendido para ocupar uma vaga no tribunal. Praticamente me nomearam e depois me tiraram essa vaga, isso fez com que eu colocasse ali algumas palavras na qual já me retratei”.
As retratações do ex-secretário da Casa Civil, Eder Moraes, tiveram impacto nas investigações, que foram arquivadas. Porém, após as revelações de Silval, novos inquéritos devem ser abertos.
Citou deputado e senador
Silval cita ainda o repasse de R$ 4 milhões ao deputado federal Carlos Bezerra, presidente do PMDB de Mato Grosso, para que apoiasse a candidatura de Lúdio Cabral (PT) e Francisco Faiad (PMDB) à Prefeitura de Cuiabá, em 2012.
O ex-governador e delator também fala que o senador Wellington Fagundes, presidente do PR no Estado, recebeu propina, mas não citar valores. O dinheiro ilícito vinha de contratos com construtoras.
G1