Irritado com as insinuações de adversários a respeito de que não teria condições de representar o setor do agronegócio no Congresso Nacional, o candidato ao Senado e ex-governador Jaime Campos (PFL) fez questão de responder, durante a reunião com prefeitos e vereadores, que tem a experiência necessária para a função. O candidato aproveitou a oportunidade para criticar a política cambial do governo Lula (PT), que segundo ele é a responsável pela crise do agronegócio que Mato Grosso atravessa.
Dono de diversas fazendas que somam mais de 25,5 mil hectares, de acordo com a declaração de bens feita à Justiça Eleitoral, Jaime Campos se diz comerciante e agropecuarista desde os 12 anos. “Sou pecuarista e planto soja muito antes de ser governador e prefeito. Mas não vou esparramar calcário nem arrancar raiz, como querem alguns, para provar que sei lidar com a terra”, reagiu Campos.
Os principais adversários de Jaime Campos na disputa ao Senado são o ex-governador Rogério Salles (PSDB), que também representa o agronegócio, a professora Janete Carvalho (PCdoB), que representa o setor da educação e defende um novo modelo de desenvolvimento para o Estado, e a pastora Gisela Guth (PHS), que tem um projeto calcado na área social e na fiscalização dos poderes.
Embalado nas críticas aos adversários, o pefelista culpou o governo federal pela crise que atingiu o agronegócio, principal economia do Estado. Na avaliação do candidato, os preços dos produtos mato-grossenses, principalmente soja, milho, algodão e carne, não têm condições de competição com o mercado externo. “Porque a política cambial do governo Lula é perversa e burra”, argumentou.
Jaime Campos, que integra a coligação Mato Grosso Unido e Justo, encabeçada pelo governador Blairo Maggi (PPS), candidato à reeleição, afirmou que entre as suas propostas de campanha está a luta pelo transporte intermodal e a conclusão da BR-163.
OUTRO LADO — Para a senadora Serys Marly (PT), que é candidata ao governo de Mato Grosso, as críticas de Jaime Campos ao governo federal não são totalmente improcedentes. “Eu acho que eles têm algumas razões, essa crise envolve desde a questão cambial até a infra-estrutura mínima que o Estado deve oferecer”, ponderou.
Serys destacou que a crise é agravada pelas condições precárias das rodovias, pelo imposto sobre o diesel, que segundo ela é o mais alto do País, e pela falta de saídas para o escoamento da produção. “Apesar de todo o esforço que o governo federal está fazendo, tem algumas amarras que estão sendo desfeitas aos poucos”, disse, ao observar que a responsabilidade é conjunta entre os governos estadual e federal.