Depois de ter travado inúmeras batalhas eleitorais, o presidente francês Jacques Chirac assiste como espectador, na maior discrição, às últimas horas da eleição que marcará para ele o fim de mais de 40 anos de vida política.
Chirac, 74, deixará até o dia 16 de maio, data do fim oficial de seu mandato, o palácio presidencial do Eliseu, depois de 12 anos na Presidência. Ele vai embora sem grandes despedidas e sem ter exercido uma real influência na campanha presidencial deste ano.
Os dois candidatos à sucessão de Chirac são considerados políticos jovens –Nicolas Sarkozy tem 52 anos e Ségolène Royal tem 53 anos– e querem encarnar a modernidade política. Ambos prometem, com um estilo novo, mudar e reformar profundamente a França.
Há no país o sentimento de que a página dos anos Chirac –um dirigente que conheceu a Segunda Guerra Mundial e que entrou no governo em 1967– já foi virada, antes mesmo da transferência oficial de poderes.
Chirac cumprimentou pela última vez a chanceler alemã Angela Merkel quinta-feira em Berlim, numa última viagem simbólica. Afirmando seu desejo de “servir de maneira diferente”, Chirac prepara a criação de uma fundação dedicada a “temas do futuro” como a ecologia, o desenvolvimento sustentável ou o “diálogo das culturas”.
Disputa eleitoral
Ele se manteve muito discreto durante a campanha eleitoral. Seus assessores sustentaram que queria preservar a função presidencial.
O presidente da França expressou, a contragosto, seu apoio ao candidato de direita Nicolas Sarkozy, que o havia “traído” durante a eleição presidencial de 1995. Sua mulher, Bernadette, apareceu em duas reuniões eleitorais de Sarkozy, apontado como o favorito das pesquisas.
Para muitos analistas, o balanço dos dois mandatos de Jacques Chirac (1995-2002 e 2002-2007), um dirigente qualificado por seus detratores de oportunista e versátil, teve mais pontos negativos que positivos. Todos reconhecem, porém, que ele tem algumas convicções firmes, como sua rejeição constante ao racismo e ao anti-semitismo.
Com exceção da oposição à guerra dos Estados Unidos no Iraque em 2003, os “anos Chirac” são freqüentemente considerados, tanto na França como no exterior, como um período de estagnação ou de “declínio”, marcado por uma série de crises. Um país que parece duvidar de suas próprias capacidades, abalado em 2005 por três semanas de tumultos sem precedentes nos subúrbios e pelo não à Constituição européia.
Chirac também pode se tornar o primeiro ex-chefe de Estado francês a ser convocado ante a justiça. A partir de meados de junho, quando ele não contará mais com a imunidade presidencial, ele poderá ser convocado por juízes para esclarecer um caso de empregos fictícios datando da época em que era prefeito de Paris.
France Presse, em Paris