Presidente argentino será representado pela chanceler Diana Mondino na Cúpula do Mercosul, no dia 8/7; Itamaraty evitou comentar a vinda de Milei a Santa Catarina para um evento com opositores
A Embaixada da Argentina em Brasília disse não ter informações oficiais sobre a viagem de Milei. A Força Aérea Brasileira ainda não respondeu se recebeu detalhes de eventual plano de voo. Milei chegou a usar voos operados por linhas aéreas comerciais, no início do mandato, sob o argumento de corte de gastos. Depois, alegou razões de segurança e passou a voar em avião próprio da Presidência Argentina, como os antecessores. Segundo o jornal Clarín, no entanto, a aeronave presidencial do país entrou em rotina de manutenção e não estará disponível por meses
A Casa Rosada disse, nesta terça-feira (2), que Milei tem viajado preferencialmente no avião da Força Aérea argentina, mas que o convite da organização do CPAC, a cargo do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), cobre os custos de uma viagem particular, em voo de carreira. Por fim, o governo argentino deixou em aberto os detalhes e ainda não confirmou qual será a opção de viagem do presidente Milei para vir a Santa Catarina. Existem voos diários conectando Buenos Aires ao Estado, e ele poderá usar ainda outra aeronave militar do país.
“Não me compete comentar declarações do presidente de outro país, nem do meu presidente”, disse a embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe no Itamaraty. “Nós trabalhamos para que as relações com a Argentina continuem sendo o que sempre foram, de dois países parceiros, dois países com interesses enormes, as duas economias, as duas populações, com integração em múltiplos setores estratégicos, nuclear, espacial, defesa. É isso que a gente busca preservar.”
Mercosul
A chancelaria brasileira lamentou a ausência de Milei na Cúpula do Mercosul, na próxima segunda-feira (8), em Assunção, Paraguai. Ele será representado pela chanceler Diana Mondino. Essa seria a primeira cúpula de Milei no bloco, desde sua chegada ao poder, mas ele preferiu ficar marcado como o primeiro presidente argentino ausente, conforme registros do Itamaraty. Os embaixadores que lideram os preparativos da delegação brasileira disseram que será a primeira vez que um presidente argentino falta à reunião de chefes de Estado do bloco. Há exatos dois anos, o ex-presidente Jair Bolsonaro ausentou-se da cúpula, na ocasião também realizada em Assunção.
“Em relação à ausência do presidente Milei, a gente lamenta. É a primeira vez que isso acontece, e não é desejável. Mas o Mercosul tem a vantagem de ser um mecanismo muito consolidado, tem 33 anos de história, mais 3,8 mil decisões. Em termos de substância, a cúpula acontecerá, a chanceler Mondino representará a Argentina e assinaremos o que temos de assinar. Não altera em nada a substância da cúpula. As declarações serão feitas e esperamos dar as boas-vindas à Bolívia, fazer a melhor cúpula possível. Mas politicamente, claro, é lamentável que um presidente deicida não ir, ainda com parceiros de um agrupmaneto tão importante. A decisão é soberada e cada país faz a sua política externa.”
Na campanha eleitoral, Milei chegou a ameaçar retirar a Argentina do Mercosul. Ele disse considerar o bloco de “má qualidade” e afirmou que cria “distorções comerciais” e ser prejudicial aos países membros. Depois, integrantes do governo entraram em cena e até agora mantiveram participação ativa, mas a ausência de Milei é um claro sinal de falta de prioridade política.
Segundo o Itamaraty, o principal fato da reunião de líderes que terá a presença de Lula, no dia 8, no Paraguai será a comunicação oficial de adesão da Bolívia. Em etapa interna, o Senado boliviano vota nesta quarta-feira o protocolo de adesão. Após aprovado, ele será levado a Assunção pelo presidente Luis Arce, em gesto que simboliza a entrada do país. A partir de então, a Bolívia terá um prazo de quatro anos para concluir o processo, adequando-se aos acordos internos do Mercosul.
Publicado por Carolina Ferreira
Estadão conteúdo=JovemPan