A Itália, que se propôs a liderar as tropas multinacionais da ONU no Líbano, informou nesta terça-feira que o país pretende enviar de 2 a 3 mil homens para a região. Segundo a agência Reuters, o ministro de Relações Exteriores, Massimo D´Alema, disse que os italianos terão o apoio da Espanha, Holanda, Bélgica e outras nações. Países islâmicos reiteraram nesta terça-feira a intenção de participar da força, apesar das objeções de Israel.
No entanto,o ministro afirmou que seu país não pode enviar soldados ao Líbano se Israel “continuar atirando”, apesar do cessar-fogo que entrou em vigor na semana passada. Já o chanceler espanhol, Miguel Ángel Moratinos, afirmou que a Espanha está “disponível” e vai “assumir plenamente seu papel” com a Força Interina da ONU (Finul).
“É justo pretender que o Hezbollah deponha as armas, mas não podemos mandar nossos soldados ao Líbano se o Exército israelense continua atirando. Esperamos um compromisso renovado e real de respeito ao cessar-fogo”, disse o chefe da diplomacia italiana ao jornal romano “La Repubblica”.
A composição da força multinacional será uma das questões que D´Alema vai discutir nesta quinta-feira com a ministra de Relações Exteriores de Israel, Tzipi Livni. Ela vai desembarcar em Roma para conversar também com o primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi, confirmaram ontem à noite fontes do Ministério de Exteriores.
D´Alema prevê que as tropas italianas, “de 2 mil a 3 mil soldados, sejam um terço do total enviado pela Europa” para integrar a Finul.
Os países da União Européia se reúnem na quarta-feira para discutir pontos mais claros das regras de engajamento para a força, revela a agência Reuters. Os contingentes europeus são considerados vitais se as Nações Unidas conseguir enviar pelo menos 3.500 homens até 2 de Setembro.
Prodi reafirmou na segunda-feira a disposição da Itália de participar da missão. Mas considerou conveniente que o Conselho de Segurança aprove uma segunda resolução devido à “complexidade” da situação.
O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, sugeriu que a Itália assuma o comando da Finul. Prodi respondeu garantindo a “disponibilidade” de assumir a tarefa, mas deixando a decisão para o secretário-geral da ONU, Kofi Annan.
Enquanto isso, em entrevista ao jornal francês “Sud Ouest” o chanceler Moratinos diz que a Espanha “vai participar de maneira significativa no reforço” da Finul, que deve passar nos próximos meses dos atuais 2 mil soldados para 15 mil.
No entanto, o chefe da diplomacia espanhola não revelou números definitivos sobre a contribuição espanhola para o contingente militar internacional.
Na entrevista, ele afirma que a Europa está unida na solução do conflito, e não “ancorada em antagonismos”. Ele também defendeu a participação da Síria na busca de uma solução para a crise.
Tropas de países muçulmanos
A Malásia e a Indonésia reafirmaram nesta terça-feira o seu direito de enviar tropas para as forças de paz da ONU no Líbano, ignorando as objeções de Israel. O Estado judeu é contra o envolvimento da maioria das nações islâmicas pois elas não reconhecem Estado de Israel.
Bangladesh, que também não mantém laços diplomáticos com Israel, disse estar a par da rejeição israelense de tropas das três nações, que estão entre as únicas que ofereceram tropas para a linha de frente da força.
Os três países foram extremamente críticos a Israel durante os 34 dias de guerra. A rejeição de Israel aumentou os problemas encarados pela ONU, que se esforça para atrair soldados das nações européias, vistas como essenciais para haver equilíbrio com as tropas de países islâmicos.
A Indonésia, o país com maior população muçulmana do mundo, disse que Israel não deveria ditar quais países devem enviar tropas ao sul do Líbano, como parte das forças de paz. “insistimos que a decisão deve ser tomada pelas nações Unidas, não por Israel”, afirmou o ministro da defesa, Juwono Sudarsono. “É ilógico colocar relações diplomáticas (com Israel) como precondição para integra a força.”
Israel diz que países que não tem laços diplomáticos com o Estado judeu não devem participar, alegando que iria dificultar a comunicação entre as partes, já que os países não reconhecem sua existência. Israel também se opõe à participação de países que simpatizaram com o Hezbollah durante o conflito.
O governo da Indonésia disse que irá contribuir com mil soldados, o que seria uma ação de grande popularidade no país. Fotos de soldados, alguns usando o capacete azul da Onu, têm aparecido regularmente na mídia local nas últimas semanas.