O primeiro-ministro israelense Ehud Olmert se mostra cada vez mais inclinado a recomeçar diálogo com a Síria, ao se considerar disposto, segundo a imprensa, a determinar uma retirada de Golã em troca da paz.
Marcelo Katsuki
Segundo o jornal israelense “Yediot Aharonot”, há pouco tempo Olmert enviou ao presidente sírio Bachar al Assad mensagens secretas neste sentido por meio de representantes turcos e alemães. As colinas de Golã foram conquistadas por Israel durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967.
No dia 24 de abril, Olmert recebeu a autorização do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, para eventuais negociações com a Síria, mas o presidente americano descartou a mediação de seu país.
Os EUA, principais aliados de Israel, criticam o apoio sírio aos insurgentes iraquianos e acusam Damasco de desestabilizar o Líbano. Desde 2004, os americanos têm imposto sanções econômicas à Síria.
Olmert e Bush devem se reunir em 19 de junho na Casa Branca.
“Sei que um acordo de paz com a Síria me obrigaria a entregar a esta a soberania das colinas de Golã. Estou disposto a assumir minhas responsabilidades para estabelecer a paz entre nós”, teria afirmado Olmert em uma de suas mensagens.
Negociações suspensas
O porta-voz de Olmert, Yanki Galanti, disse não poder confirmar ou desmentir as revelações do Yediot.
As negociações de paz entre Síria e Israel, mediadas por Washington, foram suspensas em janeiro de 2000. Para reiniciá-las, Damasco exigiu que Israel se retirasse de Golã e voltasse às fronteiras de junho de 1967.
Ehud Barak, primeiro-ministro em exercício quando esta proposta foi feita, rejeitou o compromisso, mesmo com forte oposição interna.
A nova posição de Olmert suscita reações contrárias entre os políticos de direita, como o parlamentar Guideon Saar, que o acusa de “estar disposto a tudo para se manter no poder”.
Por outro lado, Olmert recebe apoio de políticos como o ministro do Comércio e da Indústria, Eli Yishai, que se diz disposto a fazer concessões territoriais “para salvar vidas israelenses”.
Na quarta-feira, durante uma reunião do gabinete de segurança, Olmert teria afirmado que seu país “quer a paz com a Síria”, afastando as informações alarmistas da imprensa israelense que especulava sobre uma possível guerra entre os países.
“Nossa posição é a mesma. Estamos dispostos a reiniciar negociações de paz, queremos a paz. Acompanhamos de perto as declarações israelenses”, declarou uma fonte oficial síria em resposta às afirmações de Olmert.
Segundo uma pesquisa publicada pelo jornal “Maariv”, 74% dos israelenses não acreditam nas intenções de paz de Damasco, contra 17% que acreditam. Além disso, 48% dos israelenses aprovam uma retomada das conversações de paz sobre Golã e 45% são contrários.
FO