Não há um número exato de mortos na ofensiva, mas está em torno de 40, dos quais 24 morreram na quinta-feira, segundo o Ministério de Saúde da Autoridade Nacional Palestina (ANP). Vinte e duas pessoas morreram em uma série de ataques aéreos israelenses e confrontos armados no norte de Gaza, cenário dos principais choques. Outras duas morreram em um bombardeio na cidade de Khan Yunes.
Segundo o Exército, as últimas vítimas foram três milicianos que morreram esta madrugada em um bombardeio aéreo no norte da Faixa de Gaza. Soldados israelenses também mataram hoje um militante do Fatah na cidade cisjordaniana de Nablus. Os confrontos armados se agravaram desde a madrugada de quarta para quinta-feira, quando tanques e blindados lançaram a operação “Alonei Habashan” e entraram no norte da faixa e nas áreas urbanas de Beit Lahia e Beit Hanun.
O primeiro-ministro palestino, Ismail Haniyeh, assegurou que a incursão israelense na região povoada é “uma tentativa desesperada por parte de Israel de desmantelar seu Governo”. Haniyeh fez as declarações em uma visita ao hospital Shifa, de Gaza, que recebeu mais de 70 feridos nas últimas 48 horas.
Sem ocupação
AP
Militares israelenses continuam com as operações ao norte da Faixa de Gaza
O ministro da Defesa de Israel, Amir Peretz, prometeu hoje que Israel não tem intenção de permanecer na Faixa de Gaza e voltar a ocupar o território, mas é necessário que as milícias palestinas entendam que “devem guardar seus foguetes nos depósitos”.
Durante uma visita à base militar de Zikim, ao norte da fronteira com Gaza, Peretz reconheceu as dificuldades táticas e políticas da operação israelense nos centros urbanos palestinos.
“Mas estamos agindo com legitimidade. O Exército israelense preserva os valores éticos como nenhum outro. Nossos soldados lutam contra terroristas que freqüentemente se cercam de crianças, usadas como escudos”, afirmou. Ele acrescentou que as tropas fazem “o impossível” para não ferir os civis.
Peretz foi acompanhado durante a visita pelo chefe do Estado-Maior, o general Dan Halutz. “As organizações terroristas devem entender que disparar foguetes contra Israel tem um preço”, disse o militar.
A crise
A atual crise entre palestinos e israelenses começou no dia 25 de junho com o ataque de três milícias palestinas a uma base de observação israelense na zona fronteiriça, onde eles capturaram o soldado Gilad Shilat. Dois dias depois, em uma ofensiva gradual, o Exército ocupou pequenas áreas da Faixa de Gaza e bombardeou instalações estratégicas civis palestinas com o objetivo de persuadir o Governo da ANP a devolver o soldado seqüestrado.
Fontes militares israelenses disseram que os tanques chegaram, nas últimas horas, até as portas do campo de refugiados de Jabalya, onde vivem mais de cem mil palestinos. As conseqüências do lançamento de um míssil sobre este local podem ser devastadoras. A ofensiva por duas direções deixou Gaza completamente isolada, já que Israel controla o sul e uma faixa de cerca de 6 km no norte, enquanto fragatas lança-mísseis vigiam o litoral.
O objetivo da estratégia israelense é conseguir a libertação de Shalit e, ao mesmo tempo, tentar pôr fim aos incessantes ataques com foguetes Qassam contra seu território.
“Independentemente do seqüestro do soldado, que terá que ser resolvido por outros meios, era inevitável entrar em Gaza, porque um Estado não pode tolerar ataques com foguetes a seu território”, disse na quinta-feira à noite o deputado trabalhista Danny Yatom, ex-chefe do Mossad, o serviço secreto do governo de Israel.
O seqüestro de Shalit parece ter se tornado secundário desde que Israel tomou o norte de Gaza, o que seria uma resposta ao lançamento de três foguetes de longo alcance contra a cidade de Ashkelon, nove quilômetros ao norte da fronteira com Gaza.
Fontes militares reconheceram que a operação “Alonei Habashan” já estava preparada há muito tempo e que apenas se aproveitou a conjuntura. Mas analistas militares israelenses garantiram que a medida é “como uma aspirina contra o câncer”, pois quando as tropas israelenses se retirarem, as milícias poderão atacar de novo as cidades israelenses.
Aviv Kohavi, comandante das forças israelenses em Gaza, afirmou hoje em declarações ao jornal “Yediot Aharonot” que não há garantias dos resultados das ações em Gaza. “Não se pode garantir que a operação acabará com o problema, mas o que Israel quer é fazer com que as organizações terroristas compreendam que o lançamento de foguetes tem um alto preço”, afirmou.
A presença de tropas israelenses em regiões urbanas palestinas preocupa a opinião pública israelense, que acreditava que Gaza tinha deixado de ser um problema com a evacuação da região em setembro. Os governantes israelenses tentam tranqüilizar a população, mas advertem que este não será seu último ataque.
“É preciso falar com clareza ao povo, para que ele saiba que, no futuro, haverá, aparentemente, incursões de vez em quando em Gaza com o objetivo de limpar a região de terroristas”, disse o presidente da Comissão de Segurança do Parlamento, Tzahi Hanegbi.