Cinco presos da milícia xiita libanesa Hizbollah –entre eles Samir Kuntar, o mais antigo prisioneiro libanês nas prisões israelenses– foram libertados nesta quarta-feira por Israel e chegaram hoje ao Líbano, onde foram recebidos com grande festa pela população.
Os quatro membros do Hizbollah e Kuntar foram soltos hoje pelas autoridades israelenses, dentro de uma troca entre Israel e a milícia xiita, que entregou em troca os cadáveres dos soldados israelenses Ehud Goldwasser e Eldad Regev, capturados em 12 julho de 2006.
Os cinco prisioneiros chegaram a Nakura, na fronteira com Israel, a bordo de um veículo do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e foram recebidos por simpatizantes do grupo xiita.
Issam Kobeisy/Efe
Membros do Hizbollah entregam corpos dos soldados israelenses à Cruz Vermelha
Em declarações à rede de TV Al Manar, do grupo xiita, a mãe de Kuntar, que esperava o filho no aeroporto de Beirute, disse que “nunca havia perdido a esperança” de que ele voltasse.
“Graças a Deus eles retornaram sãos e salvos, quero beijá-lo e abraçá-lo”, afirmou ela.
Após uma cerimônia em Nakura, os cinco prisioneiros libertados serão levados de helicóptero ao aeroporto de Beirute, onde estão aguardando seus parentes e autoridades libanesas.
Samir Kuntar estava preso desde 1979 por quatro crimes de assassinato, seqüestro e tentativa de homicídio.
Os outros são Khodor Zaidan, Maher Kourani, Mohammed Srour e Hussein Suleiman. Todos eles eram considerados “combatentes ilegais” por Israel, e estavam presos desde 2006.
Restos mortais
AP
Imagens de Eldad Regev (à esq.) e Ehud Goldwasser; Hizbollah entregou seus corpos
A libertação ocorreu depois que o Exército israelense confirmou que os restos mortais entregues pelo Hizbollah correspondem aos de Regev e Goldwasser. Generais do Exército israelense informarão os resultados das análises às famílias dos soldados.
Fontes militares disseram que o processo de identificação durou várias horas por causa do estado deteriorado dos corpos dos soldados, segundo o jornal “Jerusalem Post”.
Os restos mortais dos soldados foram entregues hoje pelo Hizbollah à Cruz Vermelha para que eles sejam trocados por prisioneiros libaneses capturados por Israel.
O acordo para a troca, que acontece dois anos depois de a captura dos soldados ter dado início a uma guerra de 34 dias com o Hizbollah –no confronto morreram cerca de 1.200 pessoas no Líbano e 159 israelenses– é visto como um triunfo para o grupo guerrilheiro xiita libanês e como uma dor necessária para muitos israelenses.
Pelo acordo mediado por uma autoridade de inteligência alemã indicada pela ONU, Israel deve libertar Kantar e outros quatro prisioneiros –Maher Qorani, Mohammad Srour, Hussein Suleiman e Khodr Zeidan. Kantar cumpria sentença de prisão perpétua pelas mortes de quatro israelenses, incluindo uma garota de 4 anos e o pai dela, em um ataque da guerrilha a uma cidade israelense em 1979.
Comemoração
Reuven Kastro-7.jul.2005/AP
Foto de arquivo de Samir Kantar, o preso mais importante a ser libertado por Israel
Em comunicado, o ministro da Defesa libanês, Elias Murr, felicitou “os libaneses em geral e a resistência”, liderada pelo Hizbollah, especialmente pela libertação dos detidos nas prisões israelenses. “Hoje é um dia de vitória para a unidade do povo, do Exército e da resistência”, afirmou o ministro.
Murr afirmou ainda que a libertação dos detidos preservará a unidade do Líbano, apoiará o presidente Michel Suleiman e o Exército, e fortalecerá a democracia, a liberdade e a soberania.
O grupo extremista islâmico Hamas –que controla a faixa de Gaza– também parabenizou o Hizbollah pela troca de presos com Israel, qualificada como uma “vitória para a resistência” e para o grupo libanês. “Esta é uma grande vitória para a resistência e para o Hizbollah, e será uma festa para os prisioneiros e suas famílias”, disse em Gaza o porta-voz do movimento, Sami Abu Zuhri.
Gilad Shalit
Mesmo com a morte dos soldados, a troca de prisioneiros com o Hizbollah pode dar força às negociações com o grupo radical islâmico Hamas para soltar o soldado israelense Gilad Shalit, seqüestrado em Gaza em 2006.
“O desafio de libertar Shalit nos confronta. É muito importante aproveitar a relativa calma na fronteira com Gaza”, afirmou o ministro da Defesa israelense, Ehud Barak. Segundo ele, Israel deve aproveitar a “janela de oportunidade” para avançar nas negociações para a libertação de Shalit.
Barak disse ainda que as conversas “não serão fáceis”, já que ambos os lados precisarão tomar “decisões difíceis” para concluir o acordo.
F.on.Line