Os irmãos do ministro da Agricultura, Neri Geller (PMDB) deixaram o Centro de Custódia de Cuiabá (CCC) na noite de quinta-feira, segundo informações divulgadas nesta sexta-feira pela Secretaria de Segurança Pública do Mato Grosso.
Odair e Milton Gelle estavam presos desde 27 de novembro sob a acusação de integrar uma quadrilha de fraudadores de loteamentos da reforma agrária no interior mato-grossense, desarticulada pela Polícia Federal (PF) na operação Terra Prometida.
Os irmãos Geller foram beneficiados por habeas corpus obtido na quarta-feira pelo advogado do produtor rural Antônio Mattei, detido no presídio de Ferrugem, em Sinop (MT). Depois de aceitar os argumentos do advogado Valber Mello, o juiz federal Pablo Zuniga Dourado, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, decidiu estender o benefício para os demais envolvidos.
Ação — A Operação Terra Prometida pôs fim a uma organização criminosa com atuação na região de Lucas do Rio Verde (MT) e Itanhangá (MT). O grupo fraudava documentação de concessão em terras em dois loteamentos, o de Itanhangá e o de Tapuráh.
As investigações da PF começaram em 2010 e identificaram irregularidades na concessão e manutenção de lotes destinados à reforma agrária. Entre os integrantes da organização estão oito servidores do Incra. A fraude foi avaliada até agora em 1 bilhão de reais.
De acordo com a decisão do juiz, oito investigados presos desde 27 de novembro foram liberados na noite da quinta-feira. O advogado dos irmãos Geller, Murilo Freire, disse nesta sexta-feira que aguardará o fim da instrução criminal para que possa apresentar a defesa dos seus clientes. Segundo ele, os Geller estão tranquilos com relação às acusações.
A revogação das prisões preventivas prevalecerá até o julgamento do mérito do pedido de habeas corpus. O juiz determinou que a prisão dos acusados fosse substituída por medidas restritivas como a proibição de se ausentarem de seus domicílios por período superior a um mês.
Pronunciamento – O ministro Neri Geller afirmou nesta quarta-feira que não está brigando pela sua permanência na pasta. O ministério deve ser assumido pela senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), convidada pela presidente Dilma Rousseff para comandar Agricultura a partir de 2015. "Não estou brigando para ficar no ministério. Não falo uma palavra contra a senadora Kátia Abreu. Sou colega dela. Não vou atacá-la porque sei que ela é uma liderança e pode ser ministra", disse.
O ministro participou de audiência pública na Comissão de Agricultura da Câmara, onde se defendeu do suposto envolvimento em grilagem de terras investigada pela Polícia Federal. "Não tenho nenhum problema em ser investigado, só gostaria que fossem justos. Eu não sou poderoso. Eu cheguei no ministério pela força do trabalho. Eu trabalhei durante um ano e meio das 7 às 22 horas (como secretário da pasta até virar ministro)", afirmou.
(Com Estadão Conteúdo)SiteVeja