Pelo menos 64 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em dois atentados a bomba nesta sexta-feira, em Bagdá, em um dos dias mais violentos na capital do Iraque desde meados de 2007, quando a explosão de três carros-bomba matou 80 pessoas.
Segundo a polícia, as duas bombas foram detonadas por extremistas suicidas mulheres. A primeira explodiu em um popular mercado de animais, às 10h20 (hora local, 5h20 de Brasília), o Ghazil, que tinha sido alvo de três atentados no ano passado.
A bomba, que explodiu durante uma hora de grande movimento, teria causado a morte de 46 pessoas e deixado cerca de 80 feridos. Vinte minutos depois, outra bomba explodiu em outro mercado de animais lotado, em Jadida, no sudeste da capital, causando a morte de pelo menos 18 pessoas e deixando 30 feridos.
Segundo analistas, o frágil senso de normalidade que havia voltado à capital depois de melhoras significativas na segurança poderá ser abalado pelas explosões.
“Muitos corpos para contar”
Com a polícia e funcionários de hospitais empilhando os corpos no bagageiro de caminhonetes, um representante do hospital Kindi disse: “nós temos um desastre aqui, há muitos corpos para contar”.
O mercado Ghazil, uma atração popular enter os moradores de Bagdá, só abre às sextas-feiras e está sempre lotado. As barracas oferecem uma ampla seleção de pássaros exóticos, além de coelhos e gatos contrabandeados do Brasil e da África, usando caixas de papelão para transportar os animais pela feira.
Segurança frágil
No fim do ano passado, o Ministério do Interior afirmou que 75% dos grupos ligados à rede extremista Al-Qaeda teriam sido eliminados em 2007. “A atividade está limitada a certos locais ao norte de Bagdá. Nós estamos trabalhando na perseguição desses grupos, é a luta que vem a seguir”, disse na época o porta-voz do ministério, general Abdul Kareem Khalaf.
Apesar das afirmações do Ministério do Interior iraquiano, o general David Petraeus, comandante-geral das forças americanas no Iraque, disse que a Al-Qaeda continuava sendo a principal ameaça ao país e que o aumento na segurança poderia ser facilmente revertido.
Em um balanço de final de ano, Petraeus disse que o número total de ataques no Iraque caiu 60% desde junho. Por outro lado, houve um pequeno aumento nos atentados suicidas com carros e coletes explosivos desde outubro, mostrando a fragilidade da segurança no país.
A queda na violência é atribuída, em geral, ao aumento do número de soldados americanos em Bagdá na segunda metade do ano passado. O cessar-fogo anunciado pela mílicia Exército de Mehdi, do clérigo xiita Moqtada al Sadr, em agosto passado, também contribuiu para a sensação de segurança.
Outro fator crucial seria o fato de que milícias sunitas, que antes lutavam contra o governo iraquiano e contra os americanos, estarem agora lutando contra a Al-Qaeda.
BBC Brasil/Terra