O presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad declarou nesta segunda-feira que o Irã não vai renunciar a seus direitos de um programa nuclear e criticou a exigência das grandes potências de suspender o enriquecimento de urânio, informou a agência oficial Irna.
“É um roteiro repetitivo; por um lado pedem para negociar e, por outro, ameaçam e dizem que temos que aceitar suas exigências ilegais e renunciar a nossos direitos”, afirmou, em uma entrevista concendida a uma televisão malaia.
“Somos partidários do diálogo, mas negociaremos dentro de um clima equilibrado porque as negociações em um clima sem equilíbrio não darão qualquer resultado”.
No sábado, o porta-voz do governo iraniano, Gholamhossein Elham, havia afirmado que o Irã está disposto a negociar com as grandes potências, mas sem renunciar a seu “direito” de dar continuidade ao programa nuclear.
Irã não retrocederá
“O Irã não retrocederá sobre seus direitos em matéria nuclear. A vontade do povo iraniano é sólida e continuará conforme os princípios definidos pelo guia supremo”, o aiatolá Ali Khamenei, declarou Elham.
Elhan deu estas declarações na entrevista semanal à imprensa, um dia depois de o Irã ter respondido à proposta das grandes potências para interromper o enriquecimento de urânio.
“O Irã insiste em que as negociações (com as grandes potências) respeitem seus direitos e que não sofra privações (de seus direitos) conforme as regras internacionais”, acrescentou.
Segundo ele, o Irã está pronto para discutir “em especial com o grupo 5+1″, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, Estados Unidos, Rússia, China, Grã-Bretanha, França e ALemanha”, sobre os pontos comuns do pacote iraniano e da oferta das grandes potências.
O chefe da diplomacia da União Européia, Javier Solana, entregou, dia 14 de junho, em nome do grupo, uma proposta de cooperação ao Irã.
O Irã deu uma resposta a Solana na sexta-feira, indicou seu porta-voz, sem divulgar o conteúdo.
Em maio passado, o Irã enviou um “pacote” de propostas para “solucionar os problemas do mundo” aos membros do grupo 5+1.
A porta-voz Christina Gallach disse que Solana e o principal negociador iraniano em termos nucleares, Said Jalili, “tiveram sexta-feira uma conversa positiva e construtiva”.
Solana deixou aberta a possibilidade de um período de pré-negociação, durante o qual as grandes potências não reforçariam as sanções e o Irã não poderia ligar novas centrífugas de enriquecimento de urânio, segundo fontes da diplomacia.
A proposta apresentada em meados de junho é uma versão ligeiramente corrigida de uma proposta feita em junho de 2006 por Solana, e recusada pelos iranianos.
O Conselho de Segurança da ONU adotou depois três resoluções, nas quais se incluem sanções, e convida o Irã a interromper o enriquecimento.
Uma esperança de desbloquear estas discussões surgiu na sexta-feira com a publicação de um texto de Ali Akbar Velayati, conselheiro do guia supremo, defendendo um “compromisso” entre Irã e os outros países sobre o assunto nuclear.
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