O ministro das Relações Exteriores do Irã, Manoucher Motaki, afirmou nesta quinta-feira que o país está disposto a retomar as negociações com as grandes potências do grupo 5+1 sobre seu programa nuclear. EUA, China, Rússia, França, Reino Unido e Alemanha indicaram na véspera que buscam uma solução rápida para o impasse sobre o programa nuclear iraniano, com base em antigos acordos de troca de combustível.
Durante uma conversa em Nova York (EUA) com o colega chinês, Yang Jiechi, Motaki reiterou que o Irã está disposto a negociar com o grupo de Viena e com os países do 5+1, principais interlocutores de Teerã na questão nuclear, informa o site do canal estatal de televisão iraniano.
“As negociações podem chegar a bom termo se forem justas e se ficar reconhecido o direito do Irã ao uso pacífico da energia nuclear”, afirmou o chanceler.
O governo iraniano também já afirmou estar disposto a discutir questão específica de uma eventual troca de combustível nuclear sob a vigilância da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Em junho, o Irã congelou os contatos sobre o polêmico programa nuclear com o grupo 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha), como represália às novas sanções aprovada no órgão contra o país. As potências ocidentais temem que o país persa queira desenvolver armas nucleares, mas Teerã insiste que tem interesses meramente pacíficos.
“Nosso objetivo continua sendo uma solução completa de longo prazo negociada, que restabeleça a confiança internacional acerca da natureza exclusivamente pacífica do programa nuclear iraniano”, afirma um comunicado divulgado pelas potências. O texto foi lido a jornalistas pela chefe de diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton, após uma reunião entre os chanceleres das seis potências em Nova York, em paralelo à Assembleia Geral da ONU.
O comunicado não fala nada sobre medidas punitivas adicionais a Teerã caso recuse essa oferta das potências.
No final desta quarta-feira, a TV estatal iraniana em inglês informou que uma delegação do Irã, dirigida pelo chefe da Organização de Energia Atômica do país, Ali Akbar Salehi, reuniu-se com o chefe da AIEA, Yukiya Amano, em Viena “para discutir fornecer combustível para o reator de pesquisas de Teerã”.
“O encontro foi principalmente concentrado no reator de pesquisas de Teerã e no fornecimento de combustível para ele”, informou a Press TV em seu site. “No final do encontro, o chefe da AIEA expressou otimismo de que poderia haver um encontro entre o Irã e o Grupo de Viena logo”, informou a TV iraniana.
A negociação não teria participação de Brasil e Turquia. Ambos mediaram recentemente outro acordo de troca de combustível com o Irã, que foi largamente ignorado pelas potências.
Questionado pela Folha, o chanceler Celso Amorim disse achar “ótimo” que o diálogo com o Irã seja retomado e reiterou que “nós não pedimos para fazer mediação”.
Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA afirmou que, “neste momento, não é desejável” a participação do Brasil e da Turquia.
FRANCE PRESSE, EM TEERÃ (IRÃ)
DE SÃO PAULO