Estão sob o radar dos franceses o fornecimento dos caças para reequipamento da Força Aérea Brasileira e a construção do trem-bala, ligando Rio-São Paulo, as duas principais metrópoles brasileiras.
Segundo o presidente da Câmara de Comércio da França no Brasil (CCFB), Louis Bazire, a estabilidade econômica e a maior disposição do governo brasileiro em abrir oportunidades de investimentos ao capital estrangeiro são os principais fatores que explicam o aumento das relações comerciais entre os dois países.
“Os mercados europeus estão muito maduros, obrigando que as empresas busquem investimentos em outras regiões”, diz Bazire, ao citar o Brasil como um dos destinos mais atrativos da atualidade.
Aliado a isto, o executivo, que também preside a subsidiária brasileira do BNP Paribas, cita bom relacionamento entre os presidentes dos dois países, Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy, o que tem facilitado a recepção dos investidores franceses.
Na semana passada, Philippe Mellier, presidente mundial da área de transportes da Alstom, afirmou que espera contar com a ajuda de Sarkozy na reta final da licitação do trem bala brasileiro. O projeto, avaliado em R$ 34 bilhões, figura entre os maiores em andamento no mundo.
“Hoje é possível ver que a relação entre os dois países é excelente. Por isso vamos fazer o possível para apresentar uma proposta competitiva e, assim, fazer com que a discussão chegue aos dois governos”, disse o executivo.
O presidente francês também tem participado ativamente para que os caças fabricados pela Dassault sejam comprados pelo Brasil, uma transação avaliada em R$ 12 bilhões.
Dos negócios já concluídos, Sarkozy participou da recente venda de 200 helicópteros da EADS à Helibras.
A lista de transações já fechadas inclui a venda de quatro submarinos convencionais e um quinto submarino de propulsão nuclear que serão fabricados pela DCNS, um negócio avaliado em R$ 18 bilhões, que terá participação da empreiteira brasileira Odebrecht.
Outro grande negócio foi a compra do controle da usina de açúcar e álcool Santelisa Vale pelo grupo Dreyfus por R$ 3 bilhões e a licitação ganha pelo grupo Suez, em consórcio com a brasileira Camargo Corrêa, para a construção da usina hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira, em Rondônia, cujos investimentos chegam a R$ 9 bilhões.
A crescente onda de investimentos franceses parece repetir – e até certo ponto rivalizar – com o movimento realizados nos anos 90 pelos grupos espanhóis no Brasil, que marcou o avanço de empresas como Telefonica, Santander e Endesa no País.
Os interesses de grandes grupos da França e Espanha estiveram presentes num recente negócio bilionário no Brasil. Poucos dias atrás, a francesa Vivendi, um dos maiores grupos de telefonia e mídia do mundo, bateu a Telefonica numa disputa hostil pelo controle da operadora brasileira de telefonia GVT. Embora o negócio não esteja concluído, ainda sob análise da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ele pode chegar a R$ 7,2 bilhões.
Para Bazire, um exemplo do interesse das companhias francesas pode ser medido pela Bolsa de Paris. “Atualmente, das 40 empresas que compõem o principal índice da Bolsa de Paris, 38 possuem filial no Brasil”.
Segundo Bazire, a escolha do País para os dois maiores eventos esportivos do planeta, a Copa do Mundo de Futebol em 2014 e os Jogos Olímpicos, em 2016, deve intensificar ainda mais a relação entre os dois países. Entre as áreas de interesse, Bazire cita o setor de infraestrutura e de turismo.
U.Seg