A Procuradoria-Geral da República (PGR) prorrogou até novembro a duração da força-tarefa designada para reforçar as investigações dos esquemas de crimes financeiros alvos da operação Ararath. Deflagrada pela Polícia Federal (PF) em Mato Grosso no dia 20 de maio, a operação consistiu no cumprimento de uma série de mandados judiciais, como os de busca e apreensão, os quais resultaram em um volume de documentos, notas fiscais e computadores cujas análises demandaram esforço extra do Ministério Público Federal(MPF).
Diante do volume de material a ser analisado, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinou em junho a designação de três procuradores para reforçarem as investigações pelo prazo de 30 dias, durante o qual se dedicariam exclusivamente aos fatos apurados no âmbito da operação Ararath.
O prazo inicial da força-tarefa expirou em julho, mas portaria assinada pelo procurador Janot no dia 4 daquele mês estendeu a atuação dos procuradores nas investigações até o dia 6 de setembro (último sábado). Nesta segunda-feira (8), entretanto, a assessoria de imprensa do MPF em Mato Grosso informou que em meados de agosto foi assinada uma segunda portaria estendendo mais uma vez o prazo, desta vez para 4 de novembro.
Operação Ararath
A operação Ararath teve como alvo um suposto esquema de transações financeiras clandestinas que teria vigorado no estado desde 2005 e movimentado volume de dinheiro na casa das centenas de milhões, segundo o MPF.
Em benefício de um grupo político com representantes da cúpula dos poderes Executivo e Legislativo de Mato Grosso, o esquema funcionava para os mais diversos fins econômicos e políticos com base em empréstimos ilegais, segundo apontou o MPF.
Parte desses empréstimos era operada pelo empresário Gercio Marcelino Mendonça Júnior, o Júnior Mendonça. Investigado, ele passou a colaborar com a PF e o MPF na condição de delator premiado. As informações basearam a expedição dos mandados judiciais de prisão e de busca e apreensão que foram cumpridos nas diversas fases da operação Ararath. Foi a pós a quinta fase, em maio, que o MPF iniciou força-tarefa para analisar o volume de materiais apreendidos.
Justiça
Por enquanto, o único fruto das investigações da operação Ararath na Justiça é a ação penal na 5ª Vara da Justiça Federal em Mato Grosso a que respondem o ex-secretário de Fazenda Éder Moraes (PMDB), sua esposa Laura Tereza da Costa Dias, o superintendente regional do BicBanco em Mato Grosso, Luiz Carlos Cuzziol, e o ex-secretário-adjunto de Fazenda Vivaldo Lopes (em um processo que acabou sendo desmembrado).
Ainda não houve sentenças por parte da 5ª Vara. A última audiência do processo contou com o depoimento do réu Luiz Carlos Cuzziol. Agora, o MPF tem prazo de 48 horas para manifestar ou não necessidade de alguma diligência final. Depois desta fase, todas as partes no processo devem apresentar suas alegações finais antes de o juiz proferir a sentença.
Além deste processo, o MPF já anunciou que podem ser originados até outros 11 processos visando a responsabilização dos envolvidos nos crimes investigados, com outras pessoas na condição de réus.
Renê DiózDo G1 MT