Quando adolescente, Jamie Christopher usava mensagens instantâneas para fazer planos com os amigos. Mais tarde ela se tornou usuária frequente do Facebook. Agora essa oficial sardenta de 25 anos usa seus conhecimentos em redes sociais para caçar militantes e salvar vidas americanas no Afeganistão.
Debruçados sobre monitores que transmitem um vídeo capturado ao vivo por uma aeronave de combate, a tenente Jamie e uma equipe de analistas recentemente entraram e saíram de salas de bate-papo militar, levando informações a mais de 12 mil quilômetros de distância para alertar marines (fuzileiros navais) sobre bombas nas estradas e militantes Taleban.
“Duas crianças na área”, a equipe alertou os marines que aguardavam em campo a cobertura de um ataque aéreo, usando linguagem típica da internet para avisar sobre a presença de civis inocentes na mira da aeronave. O ataque foi abortado.
“Fogo disparado dos prédios”, alertava outra mensagem relativa a um conjunto de edifícios do Taleban. Os marines responderam ao ataque matando nove militantes. Jamie e sua equipe podem estar combatendo em teclados distantes em vez de desviar de balas, mas entram na batalha todos os dias. Eles e outros milhares de jovens analistas da Força Aérea mostram como os conhecimentos da geração Facebook podem ser bem utilizados nas guerras dos EUA.
Os marines dizem que os analistas, que em sua maioria estão na casa dos 20 anos, abriram caminho para uma ofensiva em Marjah, no sul do Afeganistão, neste ano com um mínimo de vítimas. Enquanto os analistam transmitem rapidamente as últimas informações coletadas pelas aeronaves, criam as conexões fluidas necessárias para caçar pequenos grupos de militantes ou outros alvos em fuga, explicam os militares.
Mas existem dificuldades na tarefa à distância. No final do mês passado, autoridades militares no Afeganistão divulgaram um relatório que culpava a equipe de uma aeronave Predator por um incidente envolvendo um helicóptero de ataque que matou 23 civis em fevereiro.
Autoridades militares afirmam que analistas na Flórida, que monitoravam o vídeo da aeronave, alertaram duas ou três vezes em uma sala de bate-papo sobre a presença de crianças no grupo, mas o piloto do avião não passou os alertas ao comandante da equipe terrestre.
No entanto, a experiência social tem sido geralmente tão produtiva que comandantes graduados têm abandonado a tradicional hierarquia militar e dado aos analistas mais espaço para que decidam como usar os aviões de espionagem.
“Se você quiser agir rapidamente, é preciso achatar as coisas e engajar nos níveis mais baixos possíveis”, disse o tenente coronel Jason M. Brown, que coordena o esquadrão de inteligência na Base da Força Aérea Beale, perto de Sacramento, na Califórnia.