Configurava-se uma vitória merecida e incontestável da Inglaterra, tão segura com sua inconfundível linha de cinco defensores, mas a Copa do Mundo sempre tem espaço para uma boa história. Que seria a reação da Colômbia, que buscou o empate por 1 a 1 no tempo regulamentar aos 48 minutos do segundo tempo e que foi mais efetiva na prorrogação. Mas a narrativa fica emocionante exatamente por haver mais de uma reviravolta. A Inglaterra errou primeiro na disputa de pênaltis, mas sorriu por último. E volta às quartas de final depois de doze anos.
No Mundial de 2006, aliás, os britânicos foram eliminados (por Portugal) exatamente nas cobranças de tiros livres. Àquela altura, um trauma: já haviam perdido dessa forma nas duas ocasiões anteriores, nas oitavas de 1998 (a Argentina venceu) e na semifinal de 1990 (deu Alemanha). A imprensa britânica temia uma nova necessidade dessas e contabilizava o histórico de seus batedores. O lateral Trippier nunca havia cobrado um pênalti na vida. Foi, no entanto, perfeito em seu chute.
Maior preocupação ainda havia em relação aos goleiros. Uma posição sem um nome absoluto e seguro. O mais longevo, Joe Hart, nem sequer foi chamado para a lista final. Escolhido como titular, Jordan Pickford tinha apenas três amistosos disputados pela seleção inglesa antes de chegar à Rússia. Já está de outro tamanho. A bela defesa que fez aos 47 minutos do segundo tempo, em chute de Uribe, seria a da classificação, mas não conseguiu evitar o gol de empate de Mina, no lance seguinte — a Inglaterra abrira o placar aos 13, de pênalti, o sexto gol do artilheiro Harry Kane. Na disputa de pênaltis, parou Uribe de novo, além de Bacca.
Os pênaltis são um tabu a menos para os ingleses. O outro, a distância de 52 anos de seu único título mundial, em 1966. Única detentora de uma estrela na camisa em seu chaveamento nos jogos eliminatórios, a Inglaterra pode sonhar. Ambição que antecipa as pretensões de um trabalho de longo prazo que começou em 2012, inspirado na ‘ótima geração’ belga e na seleção alemã.
Nas quartas
A Inglaterra enfrenta a Suécia no próximo sábado, 7 de julho, às 11h.
Ponto alto
O roteiro do colombiano Mina, três gols em três jogos, era maravilhoso. Ele ainda se arrastou em campo por toda a prorrogação, com dores na perna esquerda — que o impossibilitaram de cobrar pênalti. De qualquer forma, sai valorizado da Rússia para convencer o Barcelona, onde jogou pouco, a continuar com ele.
Ponto baixo
O árbitro americano Mark Geiger teve muito trabalho com os ânimos dos jogadores — principalmente os colombianos — e perdeu muito tempo administrando reclamações. No total, teve que distribuir sete cartões amarelos.
Ficha do jogo
Colômbia (3) 1 x 1 (4) Inglaterra
Local: estádio Spartak, em Moscou. Árbitro: Mark Geiger (EUA). Público: 44.190. Gol: Harry Kane, aos 13, Mina, aos 48 do segundo tempo. Nos pênaltis: converteram Falcao, Cuadrado, Muriel (COL), Harry Kane, Rashford, Trippier, Dier (ING).
Colômbia: Ospina; Arias (Zapata), Mina, Dávinson Sánchez e Mojica; Carlos Sánchez (Uribe), Barrios e Lerma (Bacca); Quintero (Muriel); Cuadrado e Falcao García. Técnico: José Pekerman.
Inglaterra: Pickford; Trippier, Walker (Rashford), Stones, Maguire e Young (Rose); Henderson, Dele Alli (Dier) e Lingard; Sterling (Vardy) e Harry Kane. Técnico: Gareth Southgate.
fonte/;Veja.com
Foto/; Carl Recine/Reuters