domingo, 22/12/2024
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Índios xavante recebem duas toneladas de alimentos após Defensoria Pública identificar necessidade

A segunda etapa da campanha “Juntos Contra a Covid-19” foi organizada por defensoras públicas que mobilizaram empresas, associações, população e órgão públicos no combate à fome

Mais de 100 famílias de índios moradores da aldeia Nossa Senhora do Guadalupe, Terra Indígena Xavante São Marcos, receberam duas toneladas de alimentos em cestas-básicas, cada uma com 13 itens. Os produtos foram arrecadados na 2ª etapa da campanha “Juntos Contra a Covid-19”, organizada pelas defensoras públicas que atuam no Núcleo de Barra do Garças, Lindalva Ramos e Kamila Lima, com o auxílio de órgãos públicos, empresas privadas, associações e da população.

Alimentos como arroz, feijão, óleo, macarrão, molho de tomate, farinha de mandioca, café, açúcar, fubá de milho, itens de higiene, entre outros, foram entregues juntos com frutas, laranja e banana, para os xavante da aldeia que fica 130 km de Barra do Garças. 

Lindalva, que integra o Comitê de Crise Xavante, informa que em março, participou de reunião com servidores das secretarias de Saúde e de Assistência Social do município para conhecer as dificuldades dos moradores de rua e definir estratégias de atuação para enfrentar a Covid-19. Da reunião surgiu também a ideia de atuar com campanhas, cuja primeira etapa focou nos caminhoneiros e a segunda, feita agora, atenderia aos índios.

“À época percebemos que precisávamos agir em várias frentes e lançamos a campanha Juntos Contra a Covid-19 para orientar caminhoneiros sobre saúde e auxiliá-los com um lanche, para que seguissem viagem. Paralelo a isso, viabilizamos uma segunda etapa, focada no povo indígena xavante, que ficamos sabendo, passavam por grandes dificuldades alimentares”, conta Lindalva.

Destinação – Ao saber da campanha, a líder indígena da aldeia Guadalupe, Pascoalina Retari, procurou a Defensoria e relatou que seu povo precisava da ajuda. Ela disse que os índios estavam isolados desde a imposição de medidas restritivas para circulação, por causa do coronavírus, e que por isso, estavam sem alimentos.

“Ainda não tínhamos definido para quem repassar a primeira leva de alimentos e Pascoalina veio até a cidade, com muita dificuldade de locomoção, e nos pediu ajuda. Disse que a comunidade xavante não havia recebido nenhuma doação de alimentos, mesmo sendo pedido a eles que ficassem em quarenta nas aldeias. E afirmou que as crianças, mulheres e idosos estavam precisando de comida. Assim, decidimos repassar os primeiros produtos das doações para essa população”, relata Lindalva.

A campanha, lançada na terça-feira (21/4) foi reforçada durante uma conferência online, que debateu “O Direito dos Povos Indígenas”, organizada pelo Centro Universitário do Vale do Araguaia (Univar), e na qual Lindalva atuou como palestrante. O volume de alimentos foi tido como suficiente para ser distribuído na sexta-feira (24/4) e os produtos entregues.

Atuação Conjunta – “Cada um dos parceiros auxiliou de alguma forma. A população, as empresas privadas e a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) fizeram doações. Fizemos cotações para identificar o mercado que oferecia a cesta mais em conta e esse mercado embalou e entregou as cestas para a Funai. E o órgão cedeu o carro e o motorista que entregou os alimentos na Guadalupe”. 

A Secretaria de Saúde do Município também auxiliou nos trabalhos doando álcool em gel para a desinfecção das cestas, antes que elas fossem doadas. A defensora lembra que a campanha seguirá até o final do mês de junho, com um ponto de arrecadação de alimentos na loja Todimo da cidade.

“As famílias nas aldeias indígenas da região são muito numerosas, elas têm em torno de 10 membros cada uma. Na aldeia que entregamos eles chegam a 200 famílias. Lá, cada responsável por uma delas pegou 1 cesta dividindo entre todos. Um hábito louvável que os indígenas têm é o de dividir tudo entre eles”.

Lindalva lembra que os índios da região vivem de forma muito precária, poucos plantam mandioca, outros trabalham em órgãos ligados aos direitos indígenas e a maioria de fazer pedágios, da ajuda da população da cidade e de auxílios governamentais. “A situação deles é muito complicada e sem poder se locomover, vir para a cidade, começaram a passar necessidades alimentares. Vamos continuar as arrecadações e assim que atingirmos volume suficiente, faremos entrega em outra aldeia”. 

Ela informa que o povo indígena xavante tem a imunidade baixa, pois muitos membros apresentam problemas de saúde como diabetes, hipertensão, problema respiratórios e entre outros, o que os fariam integrar o grupo de risco para o contágio da Covid-19 e que toda ajuda é bem vinda.

“Desde o início da pandemia do coronavírus o Núcleo da Defensoria Pública em Barra do Garças está trabalhando com campanhas, focadas em pessoas em situação de vulnerabilidade. Já auxiliamos famílias com produtos de limpeza, os caminhoneiros com orientação e um lanche e agora, os índios. Seguiremos atuando assim e esperamos continuar contando com o apoio de todos”, conclui Lindalva.

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
A estrada é longa e o tempo é curto. Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as consequências destas ações.
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