domingo, 22/12/2024
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Índios saem de Carajás, mas Funai cobra acordo da Vale

Um acordo feito entre a Fundação Nacional do Índio (Funai) e os líderes das aldeias xicrins garantiu a saída, nesta quinta-feira, dos índios que bloqueavam há dois dias a mina de ferro de Carajás pertencente à Companhia Vale do Rio Doce em Parauapebas, no sudeste do Pará.

Os índios deixaram o local divididos em grupos, mas prometem continuar lutando pelo reajuste acima dos R$ 9 milhões que a Vale paga anualmente à tribo por explorar o minério na região e passar com seus vagões pela ferrovia de Carajás, que corta a reserva indígena.

A Vale se negou a fazer qualquer acordo com os índios sem que eles antes deixassem as instalações da empresa. O administrador da Funai em Marabá, Raulien Oliveira, disse que foi o órgão quem convenceu os índios a sair, mas desferiu críticas à Vale.

“Ela está brincando com os índios, não está levando a sério a situação. Eles cumpriram com a parte deles liberando a área e até agora a empresa não marcou uma data para se reunir com eles”, cobrou Oliveira.

Agora que os índios saíram, completou ele, resta à Vale cumprir sua parte e levar representantes para uma reunião com a Funai em Brasília. Os xicrins ocuparam as instalações da Vale na terça-feira à tarde, impedindo a saída dos funcionários.

Reintegração de posse
A justiça de Redenção havia concedido liminar de reintegração de posse em favor da Vale na noite do mesmo dia, mas na quarta-feira os índios decidiram manter o bloqueio. A ordem dos caciques era só deixar o local depois de uma reunião com a direção da Vale.

“Sob chantagem não haverá negociação”, rebateu o diretor de operação do Sistema Norte da Vale, José Carlos Soares. A conversa com os índios estava condicionada à saída deles da mina de Carajás. O diretor informou que o protesto dos índios deixou 12 mil funcionários paralisados. Dois caciques que lideravam o movimento foram taxativos: “Ninguém sai daqui, estamos preparados para ficar até por mais de três semanas”.

Além do reajuste do recurso, eles também exigem a construção de quarenta casas na comunidade Cateté e vinte casas na Djudjeko, recuperação e manutenção das estradas de acesso às duas aldeias.

A Fundação Nacional do Índio (Funai) está apoiando os xicrins na luta por uma fatia maior que os R$ 9 milhões pagos pela Vale e melhorias nas condições de vida dos índios.

O diretor da Funai, Almir Queiroz, entende que a Vale não está fazendo nenhum favor aos índios ao atender suas reivindicações. “Ela deve dar uma compensação melhor pela exploração de todo esse minério nas terras de Carajás. E nós não podemos esquecer que essa exploração traz prejuízos para as comunidades que vivem por aqui”, salientou Queiroz.

Soares disse que a Vale deixou de produzir 250 mil toneladas de minério de ferro por dia depois que os índios fecharam a mina e impediram o carregamento dos vagões. Entre sete e dez navios estrangeiros aguardam em fila, no porto de Itaqui, para ser carregados com minério de ferro proveniente de Carajás.

Os índios chegaram a marcar uma reunião para a manhã desta sexta-feira com representantes da Vale, mas Soares garante que ninguém da empresa iria comparecer. Agora que os índios cederam as negociações serão retomadas.

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Parmenas Alt
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