Líderes indígenas de Roraima convocaram índios de todo o Estado para se concentrar na Vila Surumu, dentro da reserva Raposa/Serra do Sol (nordeste de RR), para acompanhar amanhã, por TV e rádio, em uma quadra esportiva, o julgamento pelo STF (Supremo Tribunal Federal) da ação que analisa a constitucionalidade da demarcação contínua da área.
A vila virou símbolo da disputa de terra quando arrozeiros incendiaram, em abril passado, duas pontes que davam acesso à reserva e ameaçaram índios a favor da demarcação com bombas caseiras.
Na localidade vivem dez famílias de não-índios, que não aceitaram as indenizações da Funai (Fundação Nacional do Índio) e aguardam a decisão do STF. A maior parte das famílias trabalha com arrozeiros.
O clima ontem era de tranquilidade, segundo o tuxaua (líder indígena) macuxi Rocildo de Oliveira, 32, coordenador regional dos tuxauas da Raposa/Serra do Sol e integrante do CIR (Conselho Indígena de Roraima). Ele disse por telefone que, devido à falta de recursos, muitos índios não sairão de suas aldeias por não terem combustível e veículos.
Da região das serras da terra indígena, que fica distante 150 km do Surumu, os índios serão transportadas em caminhões. Nove bois serão mortos para alimentação dos manifestantes, que dormirão em redes em uma quadra esportiva.
“Estamos aguardando 1.500 índios. Esperamos a decisão do STF com otimismo e confiantes”, afirmou Oliveira.
O superintendente da Polícia Federal em Roraima, José Maria Fonseca, disse que 500 homens, entre homens da PF e da Força Nacional de Segurança, estão mobilizados para intervir em eventual conflito na região.
No dia 10 de dezembro do ano passado, quando o STF retomou o julgamento sobre a reserva, o CIR prometeu levar 1.500 índios para acompanhar a decisão na Vila Surumu, mas no máximo 500 compareceram no dia –e poucos destes acompanhavam os votos. A maioria deles só soube do resultado por meio de jornalistas. Não houve comemoração pública.
F.Online